Planejamento em 5 perguntas
Por Rita Lobo - 01 de fevereiro de 2021
Vale para quem mora sozinho, vale para quem tem família. Você chega em casa no maior pique para preparar um risoto de ervilha e hortelã, abre o congelador e... cadê a ervilha? Acabou. Bom, risoto de parmesão também é gostoso. Mas cadê o queijo? Aí, fica difícil de preparar o risoto, especialmente, porque também não tem cebola no cesto!
Planejamento é a palavra-chave para quem quer manter uma alimentação saborosa, saudável – e acessível. Ainda assim, tem gente que perde o apetite só de ouvir falar nisso. “Mas, Rita, e se eu tiver planejado comer salada com bife e me der vontade de jantar macarrão?” (Isso é uma pergunta real nas redes sociais.). Vamos lá: você não precisa virar um escravo do próprio planejamento.
Planejar ajuda a garantir que você tenha os ingredientes à mão, e também a evitar o desperdício. Quando você faz um rascunho semanal, por mais simples que seja (segunda não vou comer carne, terça vou comer peixe à noite, e assim por diante), acaba também deixando a alimentação mais balanceada. Esse, aliás, é o assunto de um outro post que fiz, o ‘Teste da dieta balanceada’.
LEIA AQUI: TESTE DA DIETA BALANCEADA
Prever o que você vai comer durante uma semana não significa que você tenha que seguir à risca aquele cardápio. Mas sem ele fica mais difícil chegar em casa e conseguir preparar o risoto de ervilha com hortelã.
Não sabe por onde começar o planejamento? A resposta está aqui. Ou melhor, as questões estão aqui: veja cinco perguntas que você deve se fazer para organizar seu cardápio semanal e garantir uma boa alimentação todos os dias:
1. Quantas refeições você PRETENDE COZINHAR em casa?
Você janta todos os dias em casa? Tem criança na mesa? Almoça no trabalho? Se você está no grupo dos que precisam sair de casa para trabalhar durante a pandemia, não esqueça de contabilizar as marmitas, uma ótima maneira de economizar e garantir uma alimentação saudável e mais segura na rua. Esse levantamento inicial já dá uma boa noção de quantas refeições você vai ter que preparar durante a semana, assim, você só pede delivery se realmente quiser.
2. O que tem para o café da manhã? E para o lanchinho da tarde?
Ficar desabastecido nesses momentos é um perigo para a entrada de ultraprocessados! Lembre-se de incluir na lista de compras frutas para o café da manhã e itens como castanhas e frutas secas para beliscar à tarde. Também dá para ter pão fresquinho todo dia sem ter que madrugar para ir à padaria: é só manter fatias no congelador e levar diretamente à torradeira de manhã. Quem precisa de pão de fôrma de saquinho?
3. Que pratos podem virar outras preparações?
Olha que maravilha: com um bom planejamento, você vai ver que não precisa cozinhar do zero todos os dias. Ao assar frango, por exemplo, você já pode reservar uma parte para fazer a salada oriental de arroz com frango, que é uma marmita perfeita. O pernil de porco na pressão vira uma trouxinha de couve com pernil incrível. Leve esses reaproveitamentos em consideração ao bolar o cardápio da semana: é economia de tempo e de dinheiro numa tacada só.
4. Congelador: quem entra e quem sai?
Preparar porções a mais e congelar é uma solução imbatível para driblar a falta de tempo e ter comida caseira sempre na manga. Molho à bolonhesa e quibe assado são alguns exemplos de receitas que não perdem pontos na textura nem no sabor ao serem congelados. Além dos pratos prontos – caseiros, bem entendido – você também pode contar com o congelador para armazenar atalhos para o dia a dia, como bifes de frango marinados e seleta de legumes congelada.
5. É época de quê?
Com tanta variedade de legumes e hortaliças no mundo, tem gente que até se perde e acaba comendo sempre as mesmas coisas. Para evitar isso, um bom caminho é procurar consumir o que está na safra. As vantagens são várias: os alimentos de época são mais baratos, mais saborosos e têm menos agrotóxicos – como foram produzidos respeitando o ciclo natural das plantas, precisam de menos químicos. Essa tabela do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de SP) informa a época de várias frutas e hortaliças. Mas basta uma ida à feira para saber o que está na safra: os ingredientes da temporada ficam bem evidentes.
Consulte A TABELA DE SAZONALIDADE DA CEAGESP
Deu para perceber que o planejamento não é um bicho de sete-cabeças? Ele pede uns minutos de dedicação, sim, mas o tempo que você vai ganhar durante a semana compensa de longe o empenho. E não é só isso. Parar um pouco para pensar no cardápio da semana também é uma maneira de sair do modo fast food e dar à alimentação a importância que esse assunto merece. Vale a pena priorizar a alimentação!