O bê-a-bá da alimentação saudável
Por Rita Lobo - 05 de outubro de 2017
Cozinhar é como ler e escrever, todo mundo deveria saber. Nem sei quantas vezes já digitei essa frase... Há anos digo, repito, escrevo. Hoje está claro que, além de ser libertador, cozinhar é também uma ferramenta para uma vida mais saudável. Porque alimentação saudável, de verdade, não tem nada a ver com dieta, com exclusão de nutrientes nem de alimentos. Mas tem tudo a ver com cortar produtos ultraprocessados e fazer refeições com comida de verdade, baseadas na compra da feira, do açougue, preparadas na panela de casa.
Talvez um jovem casal, que come fora ou pede delivery, não esteja pensando muito sobre esses assuntos. É mais fácil acreditar no papinho da indústria, que jura de pé junto – e gasta bilhões em publicidade para nos convencer (com sucesso) – que cozinhar não é necessário. Basta aquecer no micro-ondas, juntar água quente.
Mas aí o jovem casal tem um filho. Pausa dramática. Tudo vai mudar. Quando nasce um bebê, a família tem uma oportunidade de ouro: vai precisar rever a alimentação da casa. Se tudo der certo, vai criar uma rotina baseada em comida de verdade.
À medida que o bebê vai crescendo, o papel dos pais vai aumentando também. Além de garantir comida de verdade na alimentação dos pequenos, é hora de começar a passar um legado culinário para eles. Quem ainda não sabe cozinhar tem aí uma chance de aprender. Conto aqui os pontos que considero centrais para deixar a alimentação saudável de verdade.
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ALIMENTAÇÃO É ASSUNTO DA CASA, NÃO DA DONA DE CASA
Pensar o cardápio, fazer a lista de compra, comprar os alimentos, chegar da compra e armazenar da melhor forma possível, preparar as refeições, guardar as sobras, lavar a louça… é muita coisa para uma pessoa fazer. Isso abre o caminho para os apelos da indústria e num piscar de olhos está a família inteira comendo direto da embalagem, na frente da tevê. A divisão de tarefas é fundamental no conceito de alimentação saudável de verdade.
COMIDA É MAIS DO QUE NUTRIÇÃO, É PRAZER
Comer vai além de ingerir nutrientes, e tem a ver com alimentar a alma e as relações. A refeição feita em torno da mesa, produzida por todos os membros da família, tem sabor especial, constrói memória, vira história de vida.
ALIMENTAÇÃO É UMA PRIORIDADE
Um ponto delicado, mas que não posso deixar de dizer. Mesmo sabendo que no bate-pronto você não vai concordar comigo. Tudo bem. Vale como provocação. Não ter tempo para cozinhar na maioria das vezes quer dizer: alimentação não é prioridade para mim.
É uma decisão. Gastar 20 minutos para preparar o jantar ou conferir o feed do Facebook; 20 minutos para preparar a marmita do dia seguinte ou ver um episódio de sitcom; 20 minutos para adiantar a lancheira da criançada ou responder as mensagens do grupo de Whatsapp. Claro que todo mundo precisa se divertir, esvaziar a cabeça, mas são escolhas.
Ok, também quer dizer que muito provavelmente a pessoa não sabe cozinhar. Porque cozinhar vai muito além de mexer os ingredientes na panela. Planejando, não precisa cozinhar todos os dias para ter comida na mesa toda refeição.
AUTONOMIA DOS FILHOS
Habilidades culinárias básicas são suficientes para dar mais autonomia. E quanto antes a pessoa aprender, melhor. A gente poderia considerar ensinar a cozinhar uma parte da educação dos filhos, não?
MOTIVAÇÃO
Nesta semana, lançamos o novo Desafio Panelinha, edição Dia das Crianças. Você prepara um nhoque com seus filhos, fotografa, posta nas redes com as hashtags #DesafioPanelinha2017 e #DiaDasCrianças e concorre a um livro autografado por mim.
É uma brincadeira gostosa, uma gincana boa, que ainda rende uma refeição especial e uma foto bonita. Mais do que isso: é um incentivo para a família toda entrar na cozinha.
Como participar do Desafio Panelinha