Pais que cozinham protegem a saúde de seus filhos

Pais que cozinham protegem a saúde de seus filhos
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Por Rita Lobo - 07 de outubro de 2019


Olha que sorte: este ano, o Dia das Crianças cai no sábado. Perfeito para convidar os filhos para participar do preparo do almoço – e, de quebra, começar a aprender uma nova habilidade. E você não precisa ser cozinheiro experiente, pelo contrário, pode até iniciar o aprendizado junto com os filhos. O primeiro passo é escolher uma receita e seguir o modo de preparo direitinho.

Veja o especial Dia das Crianças

Quanto mais os pais sabem cozinhar, menos produtos ultraprocessados os filhos comem. Essa é a conclusão do mais recente estudo do Nupens, o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, publicado pela revista científica Appetite, especializada em alimentação.


Aprender a cozinhar protege a saúde do seu filho hoje. E ensiná-lo a cozinhar protege a saúde dele no futuro.

Para medir o quanto os pais que participaram da pesquisa sabiam cozinhar, os pesquisadores fizeram uma lista de 10 habilidades culinárias. Os participantes da pesquisa deram uma nota de 1 a 4, de acordo com a confiança que sentiam em desempenhar cada uma delas, sendo 1 - nada confiante e 4 - confiante. Essas notas, somadas, foram transformadas em um índice, que vai de 0 a 100. Cruzando esses dados com as refeições das crianças, os pesquisadores detectaram que um aumento de 10% no índice de confiança culinária dos pais determinou uma queda de 1,5% na presença de produtos ultraprocessados na alimentação das crianças.

Leia o estudo completo (em inglês) aqui

Para ajudar a aumentar (ainda mais!) o seu grau de confiança na cozinha, aproveitamos a lista de habilidades e tranformamos em especial bem mão na massa, em comemoração ao Dia das Crianças. As receitas estão agrupadas por técnicas e habilidades listados no estudo: refogar | assar | temperar carne usando apenas temperos naturais | seguir uma receita simples | preparar um molho de tomate usando apenas tomates e temperos naturais | preparar uma sopa | cozinhar feijão na panela de pressão | grelhar carnes | preparar um bolo caseiro simples | preparar o almoço ou o jantar combinando alimentos e temperos já disponíveis na casa.

A ideia aqui, porém, não é avaliar as suas habilidade, como no estudo, e sim ajudar você a cozinhar melhor. Conselho de amiga: guarde bem guardadinho o link porque vale como curso de culinária!

visite o especial dia das crianças

saber cozinhar faz bem para a saúde

O estudo acompanhou 654 crianças entre 6 e 9 anos que frequentam escola particular em período integral em São Paulo. Diariamente, três refeições eram feitas na escola (lanche da manhã, almoço e lanche da tarde), e as outras eram responsabilidade de pais ou outros membros da família. "Escolhemos analisar apenas o jantar porque, nesta população, é a principal refeição preparada pelos pais durante a maior parte dos dias da semana." Na maioria das casas, as mães são as responsáveis pela alimentação (91%), depois vêm os pais (7%) e outros familiares (2%).

Leia: Alimentação não é assunto da dona de casa, é assunto da casa

Para definir o índice de confiança culinária dos pais, os pesquisadores desenvolveram uma entrevista em que a cada habilidade culinária listada, os pais deveriam numerar de 1 a 4 o quanto se sentiam seguros de executar:

  1. Nada confiante
  2. Pouco confiante
  3. Confiante
  4. Muito confiante

As habilidades culinárias eram:

- Refogar
- Assar
- Temperar carne usando apenas temperos naturais
- Seguir uma receita simples
- Preparar um molho de tomate usando apenas tomates e temperos naturais
- Preparar uma sopa
- Cozinhar feijão na panela de pressão
- Grelhar carnes
- Preparar um bolo caseiro simples
- Preparar o almoço ou o jantar combinando alimentos e temperos já disponíveis na casa

As respostas, somadas, foram convertidas em um índice de confiança na cozinha que vai de 0 a 100 – a média dos adultos do grupo foi de 78,8 pontos, considerada alta.

Para mapear as refeições das crianças, os pesquisadores pediram aos pais descrições detalhadas do que as crianças comeram no jantar do dia anterior – um dia de semana e um fim de semana.

No geral, um terço das calorias consumidas no jantar vieram de ultraprocessados, a maior parte sendo na forma de bebidas adoçadas, como suco de caixinha e refrigerante, e sobremesas, como chocolate, sorvete e balas.


Resultado do estudo

No grupo estudado, a confiança dos pais em suas habilidades culinárias é inversamente proporcional ao consumo de ultraprocessados pelos filhos. Aumento de 10% no índice de confiança culinária dos pais determinou uma queda de 1,5% na presença de produtos ultraprocessados na alimentação das crianças.

"A conclusão reforça as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, que encoraja o desenvolvimento de habilidades culinárias para a proteção e promoção de uma alimentação saudável", diz o texto do estudo.

Aprender a cozinhar protege a saúde do seu filho hoje. E ensiná-lo a cozinhar protege a saúde dele no futuro.