Prato para as mães
Por Rita Lobo - 27 de abril de 2010
Meu irmão caçula é médico. E ele trabalha feito condenado. Há dias eu estava querendo bater um papo com ele. Tentamos marcar um jantar, um almoço e nada. Agenda cheia. No domingo, ele estava no hospital. Trabalhando. Então fui até lá para tomarmos um café. Eu sentei na cafeteria, e ele demorou uns minutinhos para aparecer. Na mesa ao lado, duas crianças desacompanhadas conversavam. Os pais deviam estar ali por perto.
O menor dizia: “Mas eu quero, eu gosto, eu quero!” E o mais velho, segurando firme a tampa do açucareiro, retrucava: “Não faz bem para você, não faz bem.” O outro continuava choramingando, até que o maiorzinho, que devia ter uns 8 ou 10 anos, finalmente disse: “Você quer comer sal? Você gosta de sal? Então, coma!” O pequenino, murchinho, falou: “Mas eu pensei que era açúcar...”
Eu não resisti, dei uma piscadela para o menino e disse que ele era muito esperto. “Eu sei”, com um largo sorriso no rosto, foi a resposta. Meu irmão chegou, tomamos o nosso café, sem sal nem açúcar, conversamos, ele voltou para o trabalho e eu fui para casa. Mas a imagem dos menininhos não saiu da minha cabeça.
Eu fiquei sensibilizada com aquele garoto. Talvez porque, de outra maneira, na mesa ao lado, o meu irmão estivesse fazendo a mesma coisa por mim. De outro jeito, mas ele também estava cuidando da irmã. Ou talvez eu tenha ficado feliz por ver que a geração dos meus filhos tem mais informação do que a minha. Não consigo me imaginar com 8 anos enganando o meu irmão para não deixá-lo comer açúcar. Mas já ouvi o meu filho dizendo que preferia queijo branco porque é mais saudável que o amarelo, e a minha filha dizendo que batata frita é gordurosa “mas é tão gostoso!” O simples fato de saber dá a chance de fazer escolhas melhores.
Talvez eu fique meio pamonha toda vez que entre no hospital, ou melhor, na maternidade de onde saí com meu filho no colo pela primeira vez. Aliás, acho que já comentei aqui outras vezes, mas não me esqueço da enfermeira chegando com o Gabriel no quarto: “Mãe, está na hora de amamentar...” Eu quase respondi que a minha mãe tinha dado uma saidinha. Mãe para mim era ela, não eu. Mas é meio estranho, mesmo, as enfermeiras não chamarem as mães, especialmente as de primeira viagem, pelo nome. Quando a Dora nasceu, eu já estava escolada. “Mãe? Sou eu!”
Hoje perguntei aos meus filhos se eles sabem que o Dias das Mães está chegando. A Dora respondeu que já está preparando o meu presente. O Gabriel perguntou o que eu tinha dado para ele no Dia das Crianças. Ai, ai, ai, esse meu filho... Não sei a quem ele puxou! De todo modo, o meu presente já está garantido. Agora tenho que pensar no da minha mãe. Mas não estou lembrando direito o que ela me deu no Dia das Crianças.
Para mim, Dia das Mães é dia de comer em casa. Os restaurantes ficam muito lotados. E eu não tenho muita paciência. Mas agora não basta o almoço ser gostoso, também tem que ser saudável. Ou então as crianças reclamam.
Pratos principais saudáveis e gostosos para o Dia das Mães
Massa fresca com ricota de ovelha e limão siciliano
Lasanha de ratatouille
Rolinho de linguado com vinagrete de pinhão
Papillote de robalo e crustáceos à provençal
Salmão com crosta de ervas e coalhada seca cítrica
Paella integral prática
Frango oriental com acelga e broto de feijão
Frango assado com cuscuz marroquino e frutas secas
Escondidinho de mignon com quinoa
Rosbife com legumes salteados
Picanha assada com sal grosso
Ponta de paleta de cordeiro com trigo grosso e grão-de-bico
Cordeiro marroquino