Um único tipo de comida precisa ser excluído

Um único tipo de comida precisa ser excluído
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Por Rita Lobo - 18 de março de 2024


A divisão entre carne de primeira e de segunda envolve muito preconceito. Isso vale para partes como músculo, coxão duro, acém, e também os miúdos, como fígado, língua. Muita gente torce o nariz pra esse tipo de carne porque, em tese, ou são muito duras, que é o caso das chamadas carnes de segunda, ou tem um sabor muito forte, que é o caso dos miúdos.

Vou dizer uma coisa um pouco polêmica, mas que é verdade: tudo depende do método de cozimento. O jiló pode ser horrível, mas também pode ser delicioso.

Vamos voltar para as carnes como exemplo, porque fica mais fácil de entender.

Olha o caso das chamadas carnes de segunda. Quando passam por um método de cozimento longo ficam super macias.

Já as carnes de primeira, que de fato são mais macias, quando cozinham muito e passam do ponto, ficam duras. Percebe que o problema não é a carne, é o cozinheiro?

Mas falando sério, existem muitos alimentos que precisam contratar uma assessoria de imprensa. Os miúdos, por exemplo, em outras culturas são considerados iguarias. Patê de foie é chique e você pode pagar uma fortuna numa latinha importada da França. Gente, é só cozinhar o fígado de galinha com uns temperinhos e tá feito!

Aliás, não precisa ir longe. A nossa maravilhosa cozinha brasileira – ou cozinhas brasileiras, né? Porque são muitas –, além da rabada tem: dobradinha, buchada e até picadinho, que pode ser preparado com carne de segunda. Só precisa cozinhar mais. Sem falar na feijoada. Não é com carne de boi, mas vai orelha, vai pé do porco… Na feijoada completa, vai tudo!

Fica parecendo que esse papo aqui é só com quem come carne. Mas o preconceito com comida não fica só nesse grupo de alimentos. Legumes são campeões de “ai, isso eu não como”. É um tal de deixar tudo que é verde no canto do prato.

Enfim, tô misturando assuntos aqui, falando de carne de segunda, de miúdos, de legumes pra dizer que, de verdade, tudo depende do jeito que a comida é preparada.

E aí a gente sai da mesa e entra na cozinha: olha como é importante saber cozinhar! Até pra mim, que sou a louca das hortaliças, fico desanimada quando vejo aqueles legumes cozidos na água. Rapaz, dá um desânimo. Agora assa uma cenoura em rodelas grossas com páprica, alho, azeite, sal e pimenta. Humm, aquele douradinho abre o meu apetite.

Quando o assunto é alimentação saudável, uma das chaves pra você garantir todos os nutrientes que o seu corpo precisa é variar os alimentos.

Se é pra ter preconceito com algum tipo de comida, não deveria ser com carne de segunda, nem com legumes e verduras, nem com miúdos. E quer saber? Nem com ovos ou leite ou batata ou arroz branco.

Ninguém precisa gostar de tudo, mas pode guardar isso pra si. Preconceito com comida não dá, né? Fora que, do ponto de vista nutricional, não existe alimento bom ou ruim. Existe comida de verdade e comida de mentira, aquela cheia de aditivos químicos. Ou seja, no contexto de uma alimentação saudável, o único tipo de comida que a gente tem que excluir da alimentação você sabe qual é, né? Eu acho que você sabe. Mas conto outra vez: os ultraprocessados.