Mãe interior

Mãe interior
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Por Rita Lobo - 07 de maio de 2008


Não sei se isso acontece com você ou só com pessoas obsessivas como eu, mas, às vezes, umas frases grudam na minha cabeça. Enquanto não escrevo, elas não param de me azucrinar. Por sorte, o Dia das Mães está aí e, portanto, este post nem vai ficar tão descabido. Tem a ver com ser mãe. Mas não dos filhos... Para não ficar muito confuso, preciso explicar a origem.

Uma vez a cada dois meses, faço massagem. Mas não é uma massagem qualquer. É uma dessas que doem, mexem no corpo e na alma, e botam a gente para pensar. Sabe como é? Bom, na última, a massagista, que, logicamente, é meio bruxa, me disse a seguinte frase: “Seja para você mesma a mãe que você gostaria de ter”.

A frase causou impacto. Aliás, causou. Adoro essa gíria. A frase causou. Mas, aparentemente, só para mim. Cheguei ao escritório, repeti o mantra com ares de quem vai revelar o segredo da vida, e nada. Não repercutiu. Ninguém fez cara de “tive um insight”. Fiquei quieta, mas a frase não parou de falar. E, usando uma lógica bem portuguesa, se ela não se aquietou, é porque eu não devo estar sendo uma boa mãe para mim mesma. Não, não é bem isso. Acho que eu não sei o que é ser mãe de si próprio. Nem tenho certeza se isso é possível. Não será apenas uma imagem psicanalítica para confundir as mães de verdade?

Não sei. Estou ficando ainda mais confusa. Acho que vou ligar para minha mãe. Ainda sobre mães. Acabei não falando mais sobre as nossas receitas de biscoitos testadas especialmente para o dia delas. (Ou nosso.) A idéia é tentar disfarçar o lado comercial da data colocando a mão na massa. Então, são seis opções de presentinhos. Todos escolhidos por algum motivo.

Os clássicos palmiers, por exemplo, são muito, muito fáceis de fazer, se você comprar a massa pronta (e não conte para ninguém que a massa folheada não foi feita em casa). Eles duram muito tempo se mantidos em um recipiente hermeticamente fechado. E, também, lembram um coração. Não é bonitinho chegar na casa da sua mãe com uma caixinha recheada por palmiers feitos por você?

Os macarons são mais elaborados. Não são a melhor opção para quem nunca colocou o pé na cozinha. Mas é uma receita para quem gosta de cozinhar e que vai se divertir testando diferentes tons para cada fornada. O biscoitinho bicolor é o mais aromático de todos. Antes mesmo de ir ao forno, a cozinha já está perfumada pelo cacau em pó.

Os cookies de laranja banhados em chocolate têm uma combinação clássica de sabores, mas na boca é surpreendente. O modo de preparo das tuilles faz a gente se sentir como cozinheiras de antigamente. Elas saem do forno e repousam sobre o rolo de macarrão para ganhar o formato de telha.

Quem gostava de brincar de massinha quando era criança vai adorar os biscoitos 1, 2, 3. Farinha, açúcar e manteiga na tigela. Amassa, amassa até fazer uma bolota. Depois, enrolar até formar cobrinhas, cortar os biscoitinhos, marcar com garfo e levar para assar.

Acho que no sábado vou preparar todos eles para mim mesma. Vou causar com os meus biscoitinhos e, quem sabe, descubro dentro de mim a mãe que eu gostaria de ter.