#receitasquebrilham: Almoço em família

#receitasquebrilham: Almoço em família
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Por Rita Lobo - 15 de setembro de 2014


Já revelei aqui no blog que setembro é o meu mês favorito. (Se você é freguês, já sabe o motivo, né?) Poderia dizer que é pelo clima, pelas frésias que começam a brotar nos arranjos florais, pelo vinho que de tinto passa pra rosê – tão logo os dias começam a esquentar, deixo os tintos de lado. Mas o motivo principal é outro: setembro é o mês do meu aniversário. E eu curto uma comemoração a valer.

Para reunir a família ao redor da mesa, porém, não precisa de data especial – é bem o contrário: a vida é tão corrida, mas tão corrida que conseguir fazer um almoço com todos à mesa é motivo de celebração. O dia fica especial, seja qual for a data.

Neste primeiro cardápio da série especial #receitasquebrilham, decidi elaborar receitas nesse clima. Queria que elas fossem ao mesmo tempo descomplicadas de fazer, mas com alguma complexidade de sabores – são receitas caseiras, mas não para o dia a dia. E por mais que eu tenha pensado numa entrada seguida de um prato principal (e depois a sobremesa), sei que na hora H meu pai vai fazer um prato de caminhoneiro com tudo que tiver na frente – ah, se vai... Por isso, as receitas para um almoço em família, pelo menos para a minha família, têm que ser sem cerimônia. Em outras palavras: pensei em duas receitas cheias de personalidade, mas com sabores que combinassem entre si.

Outro ponto importante: a minha casa não é restaurante. Não gosto de fazer dez opções de prato – muito menos de ver comida sobrando. Então, tem uma entrada, um prato principal e uma sobremesa. (Detalhe: quando o assunto é vinho, a carta apresenta opções de espumante, branco, rosê e tinto. Que palhaçada: a lógica dos seres humanos é diretamente ligada aos seus interesses. Em suma: não quero ter trabalho, mas quero me divertir!)

A minha sogra não gosta muito de carne, então, na hora de compor o cardápio, pensei numa salada que valesse também como prato principal. Vou explicar cada um dos cursos do menu – fino isso, né?

A entrada

Ah, esta salada... Foi inspirada numa receita do Yotam Ottolenghi, autor do livro Jerusalém. É o meu tipo de comida: um pouco rústica, inclui um método de cozimento (segredo para fazer saladas saborosíssimas) e um toque de especiarias. Talvez você não queira fritar (sim!, fritura clássica, aquela por imersão) rodelas de berinjela todos os dias. Mas para um almoço especial, não pode haver tanta restrição. A berinjela fica imbatível. Junto com ela, vão uns divinos tomatinhos do tipo grapes – que são mais doces do que o cereja. O pepino japonês também entra na preparação e é responsável pela crocância da salada. E, para temperar, um molho de iogurte com pimenta- síria e salsinha picada. Puxa vida, quanta felicidade numa garfada só.

#dicasquebrilham
A receita original leva ovos cozidos e molho de tahine. Fica sensacional, mas aí, na minha opinião, brigaria um pouco com o prato principal. Vamos a ele?


O prato principal

Prepare-se para um casamento de sabores festivo: risoto de linguiça, ervilha fresca e hortelã. Tem a cremosidade do arbóreo, a força da linguiça, a graça das bolinhas verdes e o frescor perfumado da hortelã. E mais: um pouco da ardência da cebola roxa pra finalizar. É um prato potente e delicado ao mesmo tempo, acredita? E feito usando uma técnica que dispensa o uso do caldo. Você sabe, né? Eu tenho pavor de caldo industrializado: acho que ele estraga qualquer receita. E muita gente deixa de preparar um bom risoto porque tem preguiça de fazer o caldo caseiro. Pois bem, pra essa receita, só precisamos de água. Tudo graças à deglaçagem. Sabe o que é isso?

#dicasquebrilham
Sabe quando você dá uma dourada nos ingredientes e o fundo da panela fica todo queimadinho? É justamente esse queimado que vai dar um sabor espetacular a molhos, sopas e ensopados. E por que não a risotos? Pois com essa receita você vai aprender a cozinhar sem tempero pronto, só com comida de verdade. Vamos formar um caldo enquanto cozinhamos o arroz. O que pode ser mais prático?


Um detalhe importante: a panela de inox com fundo triplo é essencial para esta preparação. Numa panela antiaderente você não vai conseguir fazer a deglaçagem, e o resultado será um risoto menos saboroso. Vale a pena mencionar: risoto gosta de ir da panela ao prato; por isso, em casa, sirvo direto da panela, exatamente como você vê na foto. Adoro levar panela à mesa.

A sobremesa

Depois da salada de berinjela e do risoto de linguiça, para mim, uma sobremesa com frutas é a melhor opção. Mas não me venha com papaia para sobremesa! Eu sei que muita gente não abre mão de chocolate, mas a tarte tatin, a famosa torta invertida, é imbatível. Ela é elegante, linda – forma um mosaico de maçãs –, mas é sobremesa de verdade.

#dicasquebrilham
A tarte tatin (pronuncia-se tartatã) pode ser acompanhada de sorvete de creme, creme inglês ou creme de chantili. Escolha o que preferir. Aqui no Panelinha tem todas as receitas.


Enfim, o menu (não se pronuncia mení)
(Tô toda cheia de graça, não?)

Salada de berinjela com molho de iogurte

Risoto de linguiça, ervilha fresca e hortelã

Tarte Tatin (de maçã)