Sopa Thai

Sopa Thai
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Por Rita Lobo - 08 de julho de 2008


Acabo de chegar de Paraty. Mas a Flip não será o assunto hoje. Nem os borrachudos, que tanto, tanto me amam. E, mesmo antes de começar o post, quero que fique claro: não tenho nada contra alemães. Nada. Mas uma alemã que não consegue organizar uma fila é algo curioso. Principalmente quando a fila é a da porta do restaurante dela. (Não, eu não descolei um lugarzinho para comer de joelhos porco com chucrute à beira-mar.) Thai Brasil é o nome do local.

Uma alemã fazendo comida thai em Paraty, por si só, já renderia um bom caldo. Mas o assunto também não é esse. Foi o atendimento de lá que achei realmente peculiar. Estávamos num grupo de dez pessoas. E não havíamos feito reserva, pois o restaurante não aceita. “É só chegar e sentar”, disse a voz do outro lado da linha. Será? Em plena Flip, quando até boteco meia-boca tem espera? Sim, é só chegar e sentar, depois de esperar na porta.

A muvuca era digna. Nada de gente com cara feia. Todo mundo educado, literatos à espera de alguém para escrever seus nomes numa lista de restaurante. Até que um freguês resolveu perguntar ao outro que parecia estar ali há mais tempo: “Quem está anotando a ordem de chegada?” O cliente antigo explicou: “Ninguém. Fique na fila; se vir alguém se levantando, corra, sente e a mesa é sua.”

Não, o sujeito devia estar brincando. Lá fui eu falar com uma garçonête ar-rrentina. Ela confirmou: “É, a chente até tentou organissar a espêra, mas nunca deu certo; quem sentar priméiro é o dono da messa. Vocês podem se organissar lá fora.”

Opa! Daqui para dentro eu organizo, daqui para fora, vocês é que se virem? Resolvido. A cotoveladas, fomos eliminando a freguesia que aguardava na porta. Um por um. Claro que não. Apenas esperamos confiantes. E os outros foram desistindo. Dez minutos depois, uma mesa vagou. Fomos andando até lá e nos sentamos, os dez, numa mesa para quatro. Em pouco tempo, junto com as bebidas, outra mesa e mais algumas cadeiras surgiram para acomodar com conforto o grupo. Afinal, dali para dentro, eles organizavam!

A garçonête ar-rrentina tirou o pedido. Foi fácil. Um prato de cada do cardápio. Salvo a sopinha thai, que parecia ser a favorita de todos. Mas decidimos que apenas três seriam suficientes. Aquele esquema: tudo no centro da mesa, e cada um come um pouquinho. A chente é freguês mas também sabe se organissar.

Tudo gostoso, fresquinho, com direito a ervas plantadas na horta da chef alemã. Curry verde de peixe, curry vermelho de camarão, arroz de jasmim, pad thai, o típico macarrão tailandês. E a clássica sopinha de leite de coco, capim-santo e frango. Como ainda não falei dela aqui? Era sobre a sopa que eu queria falar!

Há tempos não a preparo em casa. No meu extinto restaurante era um hit. Dia sim, dia não, tomava a sopinha. Mesmo assim, continuo achando a combinação de sabores dela surpreendente. É uma dessas receitas que, à primeira vista, podem parecer estranhas. Especialmente para alguém sem intimidade com comida tailandesa. Vale a pena experimentar. É uma excelente opção de entrada num jantarzinho entre amigos. Vamos à receita.

Sopa Thai

Para quatro pessoas você vai usar:

600 ml de caldo de galinha
2 saquinhos de chá de erva-cidreira (melhor ainda se usar capim-santo fresco)
400 ml de leite de coco
200 g de filé de frango cortado em cubinhos
1/2 xícara (chá) de cogumelos-de-paris cortados em fatias
1 pimenta dedo-de-moça
1 colher (sopa) de gengibre picado ou ralado
1/4 xícara (chá) de suco de limão
1 colher (sopa) de nampla (molho de peixe)
1 talo de cebolinha cortado em rodelinhas
10 folhas de coentro rasgadas com as mãos

Modo de preparo

1. Leve ao fogo alto uma panela média com o caldo de galinha. Quando ferver, junte os saquinhos de chá, ou a erva fresca, desligue o fogo e tampe a panela.

2. Corte os ingredientes conforme pedidos na receita. Frango em cubinhos, cogumelos em fatias etc. Atenção para a pimenta: corte na metade, no sentido do comprimento; com a ponta da faca, raspe as sementes e descarte; corte as metades em tirinhas finas, na diagonal. (As sementinhas em contato com a pele podem causar queimaduras, por isso, em seguida, lave bem as mãos e os utensílios usados.)

3. Retire os saquinhos de chá da panela, acrescente o leite de coco, o gengibre e ligue o fogo alto. Assim que ferver, abaixe o fogo para médio, junte os cubinhos de frango, os cogumelos, a pimenta, e deixe cozinhar por 5 minutos. Por último, acrescente o nampla. O suco de limão e as ervas frescas (cebolinha e coentro) são acrescentados na hora de servir. Sirva bem quente.

Sobre o nampla

É um molho de peixe fermentado, de aroma forte. Resultante do cozimento de anchovas e temperos diversos, o nampla está para a cozinha tailandesa como o shoyu está para a japonesa. Usado em praticamente todos os pratos, ele substitui o sal. É encontrado em lojas especializadas em produtos orientais.

A pergunta óbvia: dá para fazer a sopa sem nampla? Claro que dá, mas não fica a mesma coisa. Mas, pelo menos, você não será atacado por borrachudos nem vai ficar esperando em pé na porta da cozinha até a mesa vagar!