Leia o rótulo!

Leia o rótulo!
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Por Rita Lobo - 30 de abril de 2019


Pode ou não pode? Eis a questão que paira na cabeça de quem quer melhorar a alimentação, mas ainda não sabe lidar com as armadilhas da indústria de ultraprocessados. Se você me segue no Twitter, vê que diariamente recebo esse tipo de pergunta em relação aos alimentos. E não me canso de responder: leia a lista de ingredientes do rótulo.

É nessa lista que estão as informações de que você precisa saber para identificar se um alimento é ultraprocessado. Ou seja, na embalagem pode estar escrito "orgânico, caseiro, feito com os melhores ingredientes", mas se a lista de ingredientes tem nomes como “realçador de sabor glutamato monossódico” ou "emulsificante lecitina de soja", entre tantos outros, o produto não passa de imitação de comida. Sem falar que, se foi feito na fábrica, meu amigo, não pode ser caseiro!

Um ponto importante de colocar na mesa é que, nos dias hoje, para dar conta de ter comida de verdade nas refeições todos os dias, é preciso saber aproveitar os bons atalhos que a indústria nos oferece. O problema não são os ingredientes industrializados, mas a comida ultraprocessada.

Aula de leitura de rótulo

Tem aula sobre leitura de rótulos no curso Comida de Verdade, uma produção do Estúdio Panelinha em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP e com o apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia. As aulas são apresentadas pelo professor Carlos Monteiro, coordenador do Guia Alimentar da População Brasileira, referência mundial de alimentação saudável, e por mim. Se você ainda não viu o curso, assista. Ele tem o potencial de mudar sua alimentação.

Assista: Curso Comida de Verdade

E o que o Jeff Schroeder tem a ver com isso?

Nesta quinta, o maravilhoso Jeff Schroeder é o meu convidado no Cozinha Prática. E além de cozinhar a quatro mãos comigo, ele vai ler uns rótulos de alimentos para você. Ou melhor: ele não, mas a Cocola e a Etela!

Conheça a Cocola e a Etela

De todo modo, você não precisa esperar o programa para aprender as regras que precisa ter em mente na hora de escolher os alimentos:

1. Os melhores alimentos não têm rótulo

Isso é uma regra básica na hora de fazer as compras. Alimentos in natura e minimamente processados, que devem ser a base da nossa alimentação, não têm lista de ingredientes. Pense nos alimentos da feira (in natura). Pense no arroz e no feijão (minimamente processados). São alimentos industrializados, embalados, mas sem lista de ingredientes, porque dentro do saco de arroz, por exemplo, tem apenas arroz. O mesmo vale para o feijão, para o café, para o leite e para mais um sem-fim de ingredientes.

2. Leia a lista de ingredientes, não a embalagem

São duas coisas diferentes. Mas bem diferentes, mesmo! Na embalagem, a indústria pode escrever o que quiser. E eles são danados. É um tal de “sabor caseiro”, “enriquecido com vitaminas”, “orgânico”. E se a gente não ficar esperto, cai em todas! Sem falar nos modismo... Já na lista de ingredientes, que fica na parte de trás, em letras miúdas, é diferente: as informações são regulamentadas. Ignore a propaganda da embalagem e se concentre apenas na lista de ingredientes. Vamos pensar juntos: de que adianta a laranja ter sido plantada de forma orgânica se, ao passar pela indústria, ganhou adoçantes, conservantes e outros aditivos químicos que formam o "bolo de caixinha orgânico, sabor laranja caseira"? Vai ser um produto ultraprocessado do mesmo jeito. Não caia nessa armadilha.

3. Identifique os aditivos químicos

O que caracteriza um alimento ultraprocessado, aquele que deve ser eliminado da lista de compras, é a presença de aditivos químicos. Melhoradores ou realçadores de sabor, emulsificantes, espessantes, aromatizantes, corantes. São compostos industriais que a gente não tem na cozinha de casa (ou não deveria ter). Esses aditivos químicos servem para baratear a produção e tentar fazer que a imitação de comida tenha cara, textura, aroma e gosto de comida de verdade. E também que dure por muito mais tempo na prateleira, do que duraria um alimento de verdade. Então, deixe o produto por lá mesmo, no supermercado. Isso vale para pratos prontos, como lasanha congelada, mas também para refrigerantes, iogurtes adoçados (leia o rótulo!), pão de fôrma, temperos prontos, como caldo em cubo, entre tantos outros produtos que as pessoas compram, sem se dar conta de que estão fazendo péssimas escolhas para a própria alimentação.

Teste os seus conhecimentos

Vou usar vários enlatados para ilustrar. Tomate pelado, pode? Pode. Porque ele deve conter na lata somente tomate e suco de tomate. E extrato e a polpa? Também podem. Mas, atenção, são processados, porque costumam conter sal e açúcar (e ácido cítrico, que faz parte do tomate). E molho de tomate? Aí, depende. Aquele mais comum, enlatado, costuma ter uma série de aditivos químicos. Como faz para saber? Leia o rótulo!

E para preparar um jantar pá-pum a quatro mãos com o Jeff, fomos de comida asiática – que ele adora. Vai ter picadinho oriental, arroz japonês e espiral de banana caramelizada.