Cozinhar é libertador
Por Rita Lobo - 23 de abril de 2019
Vivo dizendo que cozinhar é libertador, como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo, que não precisa de explicação. E, de fato, para quem cozinha, é bastante fácil de entender. Mas, confesso, só descobri que cozinhar é libertador quando fui aprender – até os 20 anos de idade, eu mal sabia fritar um ovo! Há pouco tempo, um sujeito que nunca entrou na cozinha da própria casa me perguntou por que eu considerava cozinhar uma liberdade, e não o contrário. São basicamente três os motivos. E eles estão a seguir.
1. cozinhar liberta DOS ULTRAPROCESSADOS
Quando você é capaz de preparar suas próprias refeições, não depende da lasanha industralizada, aquela comprada congelada, nem da sopa de saquinho, nem do macarrão instantâneo, todos cheios de aditivos químicos e doses excessivas de sal, açúcar e gordura. Cozinhar é libertador porque você resolve o jantar, inclusive quando o tempo é limitadíssimo, sem depender de nenhum ultraprocessado.
2. cozinhar Dá independência
Deu fome? Você resolve. Gosta de bife mal passado? Você prepara. Já o arroz, prefere sem alho? Sem problemas. Deu vontade de creme de milho? Adivinha o que vai ter para o jantar... Quando você sabe cozinhar, além de fazer melhores escolhas – porque não precisa de ultraprocessados e come comida de verdade – também não depende de ninguém para preparar refeições saudáveis e saborosas.
3. cozinhar livra das pegadinhas
Muita gente já ouviu falar sobre a dieta mediterrânea. E a dieta brasileira, você conhece? Pense num prato de arroz, feijão, legumes, verduras e um pedaço de carne. Não era basicamente isso o que as pessoas comiam antes da década de 1990 no Brasil? Essa é a nossa dieta. Aos poucos, fomos trocando a comida de verdade por ultraprocessados, a água por refrigerante, a fruta por barrinha de ceral, o pão com manteiga por cereais matinais. Uma hora a orientação é eliminar o açúcar e consumir produtos light. Depois o negócio é tirar a gordura, e todos passam a comprar produtos fat free. Vem a onda sem glúten, depois do sem lactose. E a cada novo modismo, uma leva de novos produtos. Quem cozinha fica mais propenso a respeitar um padrão alimentar tradicional e não cair nas pegadinhas da indústria de ultraprocessados.
Nesta quinta-feira, às 21h, recebo no Cozinha Prática o ator Joaquim Lopes, que também é formado em gastronomia! Juntos, vamos preparar as delícias aí da foto: pão de azeitonas e polvo a vinagrete. Para beber? Gim spin de vinho verde. Fala sério, cozinhar é ou não libertador? E quando os dois cozinham, vira festa!