A BEBIDA DA MODA
Por Rita Lobo - 15 de junho de 2015
Na última semana, em função do especial de papinhas, falei muito sobre caldo de carne por aqui – ele é o segredo para a alimentação dos bebezinhos. Mas tem muito marmanjo por aí tomando caldo como se fosse um cafezinho, sabia? Se cuida, suco verde! O caldo de carne virou uma espécie de poção mágica dos adeptos da dieta paleo.
Os americanos, famosos por saírem pelas ruas com seus copos térmicos cheios de café, estão adotando o caldo de carne entre uma refeição e outra. Coisas da tal dieta paleo, aquela inspirada na alimentação dos nossos ancestrais do período paleolítico. Em tese, eles viviam de carnes, frutas, raízes e vegetais crus. Então, arroz e feijão, e todos os cereais e leguminosas, ficam de fora. Homus com torrada de pão sírio? Nem pensar! Sopa de lentilha? Proibido. Leite e todos os seus derivados, do queijo ao iogurte, excluídos. Segundo a dieta paleo, nada disso é considerado saudável.
Ok, é verdade que as últimas décadas foram dramáticas para a história da alimentação. Passamos a comer comida ultraprocessada como se fosse a salvação de uma espécie sem tempo para cozinhar. Já sabemos que Coca-Cola não ajuda a deixar o almoço em família mais feliz e que caldo Knorr não dá um toque de chef nas suas receitas. (Ou pelo menos já deveríamos saber.) Tenho uma amiga, muito sabida, que afirma que tempero pronto é a porta do inferno; você começa usando um cubinho para fazer risoto e, de repente, está achando a lasanha congelada da Sadia deliciosa. Mas daí a encontrar no homem das cavernas a inspiração para um novo estilo de vida não seria um tanto quanto radical? Acho que cozinhar mais e comer menos ‘produtos alimentícios’ seria um bom caminho.
Não vou negar, eu tremo nas bases a cada vez que uma nova dieta desse tipo pega. Apesar do modismo, é fato que caldo de carne é extremamente saudável. E delicioso! Os especialistas em nutrição explicam que a chave é o longo cozimento. As (pelo menos) 4 horas no fogo fazem com que nutrientes, como o colágeno e o magnésio, presentes nos ossos usados no preparo, passem para o caldo. A gente não precisa ir longe para saber os benefícios de um bom caldo caseiro, seja ele de carne ou de galinha – pode perguntar para a sua avó!
Aceita um chá de carne?
Não sou fã de nenhuma dieta que exclua grupos de alimentos. Mas que culpa tem o caldo por ter sido adotado pela dieta paleo? E a tapioca, coitada? Ela nasceu sem glúten... Não dá para ter preconceito com os alimentos, especialmente com comida boa, feita em casa, sem acidulantes, conservantes ou ‘sabor artificial idêntico ao de cebola’ – já leu isso no rótulo de algum produto? Tem muito!
No Panelinha, além do caldo de carne caseiro, a gente curte também uma receita bem mais rápida, certamente sem nenhuma indicação para a dieta paleo – sorry. O nosso beef tea é preparado com um caldo rapidíssimo de carne, feito na panela de pressão, e vai bem como aperitivo: ele leva vinho do Porto! Dá pra dizer que é o drinque do momento. Quer dizer, o drinque do momento desde 2,5 milhões a.C.
Veja aqui a receita do beef tea
E o melhor de tudo é que você pode tomar beliscando a carne louca, feita com o músculo usado no preparo do caldo.
E para terminar, uma frase boa para a gente refletir, logo no começo da semana: as pessoas não querem emagrecer, elas querer ser emagrecidas. Não sei quem criou, mas certamente foi uma pessoa tão sabida como a minha amiga do caldo em cubo. Boa semana!
Foto: Editora Panelinha