Um brinde à Lola

Um brinde à Lola
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Por Rita Lobo - 19 de agosto de 2013


Uma das minhas grandes amigas, a Lulu, fez aniversário hoje e convidou a tchurma para comer bobó na casa dela. Fomos todas, em plena segunda-feira, ignorando os dramas da mulher moderna — reunião marcada há semanas para às 14 horas, buscar os filhos na escola, trânsito, culpa, culpa, culpa. E deu tudo certo. Saí do escritório um teco mais cedo, cheguei na casa dela pontualmente e fui embora de lá um pouco antes do fim, mas não sem antes dar uma garfada no bolo. Há anos a própria Lulu me ensinou que comer bolo de aniversário dá sorte. E eu sigo acreditando — só não sei se é para o aniversariante ou para o convidado.

A Lulu é divertidíssima. E tem uma lógica própria, muitas vezes meio desconectada de um mundo de planilhas e metas que, de uma forma ou de outra, acabamos vivendo. Por isso mesmo, é com ela que gosto de conversar quando o problema parece insolúvel: Lulu sempre vê de um ângulo que mais ninguém tinha observado.

Depois que as quase dez amigas já estavam à mesa, com um tom absolutamente irônico, ela chegou com a panela de bobó e começou a falar: “Bom, obrigada por terem vindo, daqui a pouco vamos fazer uma dinâmica em duplas, mas podem me perguntar sobre o que vocês quiserem saber...”. (Eu disse que era tudo meio sem pé nem cabeça?) Já virou programa de auditório. Eu entrei no clima e comecei a fazer a entrevistadora de meia tigela: um arrependimento; uma certeza; uma dúvida. Ai, que preguiça... Já as respostas, juro, foram dignas de reflexão, mas impublicáveis, especialmente num blog-culinário-família. Rá! Como é gostoso um ambiente feminino. Eu adoro barulho de mulherada falando, essa conversa não linear mas que todo mundo se entende. Me orgulho de ter boas amigas. E, de certa forma, acho que isso se reflete no meu trabalho. É tanta gente que me escreve contando que se sente íntima, mesmo sem me conhecer pessoalmente...

Vira e mexe, porém, levo pito dos leitores, homens, que se ressentem com os textos dirigidos às mulheres. Mas é nas mulheres que penso quando escrevo, caro leitor. Inclusive, já pedi desculpas — e acho até que melhorei.

Talvez tenha sido por isso que a Angélica Santa Cruz, há quase três anos, tenha me convidado para escrever uma coluna na Lola. Topei. Da primeira à última, escrevi para todas as edições da revista. Virou a sessão Panelinha, com quatro páginas recheadas de receitas, viagens, livros — ah, sim, sempre livros. E foi um prazer e um aprendizado trabalhar com você, Angélica. E com a Mayu Tanaka. E com a Thais Gouveia! Aqui no Panelinha já estamos morrendo de saudades de vocês!

Bem, espero que você saiba que a Lola, como disse a Angélica, desviveu. Detesto ser eu a trazer as más notícias... Como colunista, fiquei triste quando soube do fim da revista. Mas é como leitora que lamento: não vou mais ter a minha revista favorita para ler, mês a mês. Vão-se as revistas, mas ficam as amigas. E as leitoras-amigas! Angélica, já te disse, mas repito aqui, me senti muito honrada de ter feito parte desse projeto. Aliás, todas nós aqui no Panelinha.

Então, vou me inspirar na Lulu, minha amiga que nos transporta para um mundo muito mais divertido, tão importante quanto as nossas planilhas Excel, e propor um brinde à Lola, um projeto tão lindo, que durou quase três anos. Três vivas para a Lola!

A carne de panela da foto, publicada na última edição de Lola, foi clicada por Charles Naseh. Ó, edição de colecionador! Até o fim do mês, está nas bancas.