Sabores nórdicos
Por Rita Lobo - 24 de agosto de 2011
A Carol, minha fiel escudeira, acabou de voltar da Escandinávia. Pedi a ela que escrevesse um post aqui para o blog, contando sobre a viagem. Para não parecer maldade conosco - ela lá no bem bom, e a gente aqui no sufoco! -, a Carol ainda fez uma lista de boas combinações de sabores nórdicos para a gente se inspirar e usar na cozinha de casa. Uma delícia!
Rumo ao Norte
Por Carol Sverner
Só descobri que a Escandinávia estava na moda depois que o roteiro da minha viagem já estava decidido. E está? Bom, aparentemente sim. Para começo de conversa, eles têm o melhor restaurante do mundo (segundo o ranking da San Pellegrino)! E não é de hoje que o design é dos mais arrojados do planeta. Arne Jacobsen, Alvar Aalto fizeram escola. E os novos designers não fazem por menos. Eu, que amo comida e design, fui, cheia de expectativas, em busca de peixes curados e vasos arrojados. Voltei com duas malas mais pesadas do que eu – quer dizer, considerando meu peso pré-viagem, né?
Estocolmo, Suécia
A cidade é linda, daquelas belezas que são antigas e elegantes ao mesmo tempo. Caminhando por suas várias ilhas num pseudo verão europeu, descobri, para a minha surpresa, que não era apenas de peixes que viviam aquelas pessoas. Sabe qual era uma das maiores especialidades locais? Sanduíche de almôndegas com purê de batata, vendidos na rua, em carrinhos feito aqueles de cachorro quente. E falando em cachorro quente, eles são outra grande especialidade sueca. Vendidos nos mesmos carrinhos, por lá, eles mais parecem um enroladinho de salsicha gigante. E não pensem que desanimei ao me deparar com esses pratos que mais pareciam pertencer a uma vila remota no interior da Alemanha.
Ainda em Estocolmo, descobri o mais delicioso restaurante de peixe: o B.A.R.. O menu era o de menos: legal mesmo era levantar da mesa, ir até o balcão, tipo de peixaria, e escolher lá o peixe ou fruto do mar. Ostras fresquíssimas, vieiras cruas de sabor sutil num caldo cítrico, um delicioso peixe de nome impronunciável, que não vinha acompanhado de absolutamente nada... ainda bem!
Oslo, Noruega
Para nós, brasileiros, é bastante peculiar que restaurantes fechem para as férias. Isso, porém, é bem comum na Europa. Mas não imaginei que um restaurante dentro de um hotel, como é o caso do Madu, também tirasse férias. Dizem que a comida é interessante. Mas só dá para saber de setembro a junho. Outro lugar que estava na minha lista era o sushi Alex, o mais famoso do continente. E não estava fechado! Mas, lotado. Deu para comer uma boa lagosta no Loften, que fica no porto. Mas no fim das contas, o ponto alto de Oslo é a qualidade do salmão defumado, que recheia os sanduíches, sejam eles comprados na rua ou pedidos num tradicional café.
Bergen, Noruega
A pequena cidade, conhecida por ser a porta para os Fiordes noruegueses, tem uma forte ligação com o mar. Uma das maiores atrações turísticas é o mercado de peixe ao ar livre. Ele acontece diariamente. Basta você dar uma olhada mais longa para um peixe que os vendedores já te fazem experimentar de tudo e mais um pouco! Além de peixes e ovas, diversos tipos de frutos do mar - crus ou preparados - são vendidos nas barracas. O legal é comprar e sentar nas mesas do mercado para comer olhando para o porto. Foi em Bergen que comi o melhor arenque da viagem, num restaurantezinho desconhecido, perdido entre as casas medievais do centro. Surpresas boas que o mar traz!
Copenhague, Dinamarca
É a terra do Noma, restaurante número 1 do mundo. Infelizmente não consegui nem tentar reservar – as tais férias... De qualquer jeito, a cidade desenvolveu um espírito gastronômico e está cheia de restaurantes deliciosos. Fomos a um que lembrava o B.A.R. (de Estocolmo) chamado Fiskebaren. As iguarias do mar eram igualmente frescas, mas o ambiente não era tão animado quanto ao do “primo” sueco. O Geist foi dica de locais. Comi um prato de mini-camarões crus com rabanete agridoce que me encantou (veja na foto). Mas o restaurante não é para todos, as porções são pequenas e as combinações, irreverentes. Eu adorei.
Das cidades que visitei, Copenhague é a mais descolada. Jovens na rua, mil lojas de design, enfim, muito movimento. É um lugar que dá vontade de morar – sabe aqueles delírios de viagem que a gente fica imaginando como seria a vida por lá? Infelizmente, a hora de voltar para São Paulo chegou.
Ainda no freeshop do aeroporto, fiquei passando vontade de contrabandear peixes, mas ainda tinha uma longa viagem pela frente – passei por Londres antes de voltar. Pelo menos fiz meu estoque de Daim, um chocolate típico da Escandinávia. Ele tem recheio crocante de caramelo de amêndoas, uma crosta fina de chocolate ao leite e o tamanho perfeito para comer sem parar. Um vício! O saco de 1 quilo que comprei nem chegou ao Brasil...
Ao contrário do que imaginei, não voltei da viagem cansada das comidas nórdicas. Há dias estou com desejo daquele salmão defumado gordo e saboroso - não existe igual em lugar nenhum! Também tenho sonhado com os pães integrais de mil grãos e miolo macio. Sinto que com esses dois alimentos eu poderia passar o resto da vida. E teria uma alimentação saudável! Isto é, se não tivesse o Daim de sobremesa.
Boas combinações nórdicas para fazer na cozinha de casa
- pão + peixe + creme azedo = pode parecer óbvio, mas muitas vezes nos esquecemos de usar peixes na elaboração de sanduíches. Tente usar peixes defumados ou curados de sabor forte, para dar personalidade à sua criação. Em geral, peixes gordos ficam uma delícia! Não se esqueça de um pouco de creme azedo para balancear o sabor e também de escolher um bom pão.
- camarão + rabanete = por mais que eu não seja grande fã de rabanete, me surpreendi quando comi essa combinação. A raiz era fatiada fininho e coberta com um molho agridoce, que combinou muito com o camarão.
- almondegas + purê de batatas = os suecos são fãs dessa mistura. Para mim é um prato bem acolhedor, para almoços em tardes frias e cinzas de inverno.
- frutos do mar + maionese = na Escandinávia, essa mistura resulta numa deliciosa salada! Também serve como recheio de sanduíches (se bem que muitos sanduíches por lá são abertos como se fossem bruschetas).
- batatas + endro = lá no norte eles amam essa erva, também conhecida como dill. O tempero vai bem com peixes, mas nas batatas foi onde o endro realmente surpreendeu, dando um toque charme a um ingrediente tão comum.
Rumo ao Norte
Por Carol Sverner
Só descobri que a Escandinávia estava na moda depois que o roteiro da minha viagem já estava decidido. E está? Bom, aparentemente sim. Para começo de conversa, eles têm o melhor restaurante do mundo (segundo o ranking da San Pellegrino)! E não é de hoje que o design é dos mais arrojados do planeta. Arne Jacobsen, Alvar Aalto fizeram escola. E os novos designers não fazem por menos. Eu, que amo comida e design, fui, cheia de expectativas, em busca de peixes curados e vasos arrojados. Voltei com duas malas mais pesadas do que eu – quer dizer, considerando meu peso pré-viagem, né?
Estocolmo, Suécia
A cidade é linda, daquelas belezas que são antigas e elegantes ao mesmo tempo. Caminhando por suas várias ilhas num pseudo verão europeu, descobri, para a minha surpresa, que não era apenas de peixes que viviam aquelas pessoas. Sabe qual era uma das maiores especialidades locais? Sanduíche de almôndegas com purê de batata, vendidos na rua, em carrinhos feito aqueles de cachorro quente. E falando em cachorro quente, eles são outra grande especialidade sueca. Vendidos nos mesmos carrinhos, por lá, eles mais parecem um enroladinho de salsicha gigante. E não pensem que desanimei ao me deparar com esses pratos que mais pareciam pertencer a uma vila remota no interior da Alemanha.
Ainda em Estocolmo, descobri o mais delicioso restaurante de peixe: o B.A.R.. O menu era o de menos: legal mesmo era levantar da mesa, ir até o balcão, tipo de peixaria, e escolher lá o peixe ou fruto do mar. Ostras fresquíssimas, vieiras cruas de sabor sutil num caldo cítrico, um delicioso peixe de nome impronunciável, que não vinha acompanhado de absolutamente nada... ainda bem!
Oslo, Noruega
Para nós, brasileiros, é bastante peculiar que restaurantes fechem para as férias. Isso, porém, é bem comum na Europa. Mas não imaginei que um restaurante dentro de um hotel, como é o caso do Madu, também tirasse férias. Dizem que a comida é interessante. Mas só dá para saber de setembro a junho. Outro lugar que estava na minha lista era o sushi Alex, o mais famoso do continente. E não estava fechado! Mas, lotado. Deu para comer uma boa lagosta no Loften, que fica no porto. Mas no fim das contas, o ponto alto de Oslo é a qualidade do salmão defumado, que recheia os sanduíches, sejam eles comprados na rua ou pedidos num tradicional café.
Bergen, Noruega
A pequena cidade, conhecida por ser a porta para os Fiordes noruegueses, tem uma forte ligação com o mar. Uma das maiores atrações turísticas é o mercado de peixe ao ar livre. Ele acontece diariamente. Basta você dar uma olhada mais longa para um peixe que os vendedores já te fazem experimentar de tudo e mais um pouco! Além de peixes e ovas, diversos tipos de frutos do mar - crus ou preparados - são vendidos nas barracas. O legal é comprar e sentar nas mesas do mercado para comer olhando para o porto. Foi em Bergen que comi o melhor arenque da viagem, num restaurantezinho desconhecido, perdido entre as casas medievais do centro. Surpresas boas que o mar traz!
Copenhague, Dinamarca
É a terra do Noma, restaurante número 1 do mundo. Infelizmente não consegui nem tentar reservar – as tais férias... De qualquer jeito, a cidade desenvolveu um espírito gastronômico e está cheia de restaurantes deliciosos. Fomos a um que lembrava o B.A.R. (de Estocolmo) chamado Fiskebaren. As iguarias do mar eram igualmente frescas, mas o ambiente não era tão animado quanto ao do “primo” sueco. O Geist foi dica de locais. Comi um prato de mini-camarões crus com rabanete agridoce que me encantou (veja na foto). Mas o restaurante não é para todos, as porções são pequenas e as combinações, irreverentes. Eu adorei.
Das cidades que visitei, Copenhague é a mais descolada. Jovens na rua, mil lojas de design, enfim, muito movimento. É um lugar que dá vontade de morar – sabe aqueles delírios de viagem que a gente fica imaginando como seria a vida por lá? Infelizmente, a hora de voltar para São Paulo chegou.
Ainda no freeshop do aeroporto, fiquei passando vontade de contrabandear peixes, mas ainda tinha uma longa viagem pela frente – passei por Londres antes de voltar. Pelo menos fiz meu estoque de Daim, um chocolate típico da Escandinávia. Ele tem recheio crocante de caramelo de amêndoas, uma crosta fina de chocolate ao leite e o tamanho perfeito para comer sem parar. Um vício! O saco de 1 quilo que comprei nem chegou ao Brasil...
Ao contrário do que imaginei, não voltei da viagem cansada das comidas nórdicas. Há dias estou com desejo daquele salmão defumado gordo e saboroso - não existe igual em lugar nenhum! Também tenho sonhado com os pães integrais de mil grãos e miolo macio. Sinto que com esses dois alimentos eu poderia passar o resto da vida. E teria uma alimentação saudável! Isto é, se não tivesse o Daim de sobremesa.
Boas combinações nórdicas para fazer na cozinha de casa
- pão + peixe + creme azedo = pode parecer óbvio, mas muitas vezes nos esquecemos de usar peixes na elaboração de sanduíches. Tente usar peixes defumados ou curados de sabor forte, para dar personalidade à sua criação. Em geral, peixes gordos ficam uma delícia! Não se esqueça de um pouco de creme azedo para balancear o sabor e também de escolher um bom pão.
- camarão + rabanete = por mais que eu não seja grande fã de rabanete, me surpreendi quando comi essa combinação. A raiz era fatiada fininho e coberta com um molho agridoce, que combinou muito com o camarão.
- almondegas + purê de batatas = os suecos são fãs dessa mistura. Para mim é um prato bem acolhedor, para almoços em tardes frias e cinzas de inverno.
- frutos do mar + maionese = na Escandinávia, essa mistura resulta numa deliciosa salada! Também serve como recheio de sanduíches (se bem que muitos sanduíches por lá são abertos como se fossem bruschetas).
- batatas + endro = lá no norte eles amam essa erva, também conhecida como dill. O tempero vai bem com peixes, mas nas batatas foi onde o endro realmente surpreendeu, dando um toque charme a um ingrediente tão comum.