Receita por telefone

Receita por telefone
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Por Rita Lobo - 16 de janeiro de 2011


Você se lembra daquele frango com geleia que postei há tempos aqui no blog? Pois é, ele criou asas. Ou melhor, casco. E fenda. Aliás, antes disso, a receita fez tanto sucesso entre os leitores do Panelinha que foi parar no livro novo. Mas o assunto hoje é outro. Ou quase outro. E já estava ficando velho, até que meu irmão veio jantar em casa ontem, e me dei conta que não falei sobre um prato que fiz para o Réveillon. Que desperdício! Até agora, foi o melhor do ano.

Quando comecei a pensar no que faria para o ano novo, porco foi o primeiro ingrediente que me veio à cabeça. Ele é o alimento que simboliza o desejo por saúde – e, sem ela, dinheiro e amor não têm serventia, não é? Claro que comi romã, uva, peixe (eu também quero fortuna, fartura, prosperidade!). Mas fiquei matutando o que fazer com a tal costelinha que iria garantir a saúde para usufruir do dinheiro e fluir no amor. Eu não sou muito de comer porco, então, tive que refletir antes de entrar na cozinha.

Lembrei que o Alexandre Melo, leitor assíduo aqui do blog, tinha me mandado um e-mail contando ter colocado pimenta e gengibre na receita do tal frango com geleia (e a adaptação dele também foi parar no livro!). Então, pronto: costelinha com geleia, alho, maçã, cebola, gengibre e pimenta. Já estaria muito bom. Mas era ano novo, tinha que caprichar ainda mais.

Queria que, além do adocicado da geleia, do ardidinho do gengibre e do picante da pimenta, a costelinha tivesse uma textura crocante. Já conto mais detalhadamente como fiz o prato, mas ficou tão bom, que repeti o preparo ontem. Sucesso total. Irmão, cunhada, namorado, todos gostaram. E eu também. A outra maravilha da preparação é que impressiona sem pesar no bolso. Eu paguei R$ 14 na costelinha, que deu e sobrou para quatro pessoas. (Mas não precisa espalhar, tá? Minha cunhada está achando que o jantar foi chiquérrimo!)

Vou contar o preparo, mas sem passar a receita tim-tim por tim-tim. E não porque eu queira esconder o jogo, eu não sou disso! Mas fiz tudo correndo e não tive tempo de medir os ingredientes. Por isso, aviso logo que a receita hoje vai ser quase que passada por telefone, sabe? “Aí você pega um tantinho disso, junto com um punhado daquilo...” Assim, se eu me esquecer de novo de anotar as quantidades ingredientes, você já sabe o preparo e pode adaptar a receita, como o Alexandre fez com o frango. Um detalhe: numa vez, incluí cubos de abóbora japonesa, na outra, rodelas de batata-doce. As duas vão bem.

Então, ontem, o preparo foi assim:

• Numa assadeira grande, coloquei a peça de costelinha de porco (dei uma lavada na água corrente); ela coube, mas se não couber, corte a peça na metade.

• Se tiver tempo, coloque 1 xícara (chá) de vinho tinto, 1 colher (sopa) de mel e deixe marinar por 1 hora; escorra a metade da marinada e descarte;
• se estiver com pressa, coloque apenas ½ xícara (chá) de vinho tinto.

• Num pilão, bati 5 castanhas-do-brasil, até formar uma farinha grossa; à ela, juntei meia pimenta dedo-de-moça e 1 colherinha de gengibre fresco ralado e bati até formar um pasta bem pedaçuda.

• Misturei umas 5 colheres (sopa) de geleia de damasco, temperei a pasta com sal e pimenta-do-reino e espalhei de maneira uniforme sobre a costelinha na assadeira.

• Cortei em quatro 3 mini-maçãs do tipo fuji, cortei do mesmo jeito 2 cebolas-roxas descascadas e descasquei também alguns dentes de alho, uns 5. Usei meia dúzia de cubos de abóbora japonesa, que sempre tenho na geladeira.

• Todos os ingredientes foram para a assadeira, ao redor da costelinha. Reguei as frutas e legumes com azeite (a costelinha, não), suco de 1 laranja e temperei tudo com sal e pimenta-do-reino, sempre moída na hora.

• Faltou alguma coisa? Faltou. Salpiquei um pouco de alecrim fresco sobre tudo, carne e acompanhamentos. Forno a 200 ºC, lá se foi a assadeira por 30 minutos, sem alumínio, sem nada. Retirei do forno, apenas para virar os legumes e frutas, e deixei assar por mais 30 minutos.

• Uns 10 minutos antes de tirar a costelinha do forno, coloquei uma xícara de água para ferver e fiz o cuscuz marroquino.

• Quando a costelinha estava bem dourada, tirei do forno, transferi para um tábua, e cortei entre os ossos. Coloquei os acompanhamento numa travessa e as costelinhas, em outra. Delícia total.