Petisco, livros e bons drinques

Petisco, livros e bons drinques
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Por Rita Lobo - 14 de janeiro de 2015


Voltar ao trabalho, depois de uns dias de pernas pro ar, é sempre difícil. E quanto mais longo o período de ócio, mais difícil o retorno. Descobri, porém, um pequeno truque para alongar a sensação de férias, para enganar o cérebro e fazer com que ele pense que o descanso não acabou.

Começo a ler um romance, de preferência longo, e vou até a metade. Por melhor que ele seja, paro no meio. No dia em que volto para casa, também retomo a leitura. É fantástico como, pelo menos durante aquela meia hora antes de dormir, o livro não apenas transporta a mente para outra história como o corpo para um ‘mode’ relaxado das férias. Pode testar.

No segundo episódio do Cozinha Prática Verão, porém, mostrei três livros que não se classificam para esse experimento. Eles são impossíveis de parar! E também são muito curtinhos. Nu, de Botas, é do cronista Antonio Prata, um dos meus cronistas favoritos. Ele nos leva para uma viagem à primeira infância, numa espécie de autobiografia em crônicas. É para ler numa tarde. Já As coisas da vida, do escritor português António Lobo Antunes, economizei para ler neste verão. Dei uma rápida espiada achei que seria ótimo para uma leitura diurna, coisa que a gente só consegue durante as férias. A minha outra leitura de janeiro vai ser Como aprendi o português, do meu compatriota húngaro Paulo Rónai.

Quem perdeu o episódio inédito pode assistir nos seguintes horários alternativos: terça, às 11h30/ quarta, às 5h e 6h / quinta, às 19h30/ sexta, às 11h e 21h / sábado, às 9h, 17h e às 21h.

Além dos livros, claro, tem cardápio completo com direito a drinque, prato principal e sobremesa. A receita central foi uma torta clássica de frango, ótima para descer a serra e virar a primeira refeição das férias. Ou do fim de semana na praia... Mas ela tem mais uma qualidade. Essa torta ajuda a nos ensinar o que, na minha opinião, é uma das grandes conquistas do ser humano moderno: reciclar a comida. Não é fácil ganhar esse tipo de prática – aproveitar as sobras do arroz ou do risoto, lembrar de preparar uma sopinha com o feijão, transformar as frutas muito maduras em geleia. Mas é essencial. A cada vez que você jogar fora qualquer tipo de comida, visualize notas de R$ 50 indo para o lixo. Porque é isso mesmo que acontece.

As sobras da massa da torta vão à geladeira e, um ou dois dias depois, se transformam num petisco delicioso. O formato, você escolhe: faça essas meias-luas da foto, bolinhas, palitinhos, quadradinhos, coloque queijo ralado na massa, gergelim, tempere com alecrim. Mesmo quem não vai sair de férias pode aproveitar tudo isso junto no fim de semana. Não? Imagine você bebericando um vinho branco bem geladinho, beliscando esse petisco crocante e lendo qualquer um desses livro, sem pressa?

Foto: Editora Panelinha