Petisco coreano
Por Rita Lobo - 14 de junho de 2010
Já estou sofrendo com o jogo de amanhã. E não é pelo futebol. Quer dizer, claro que vou torcer, me emocionar, vibrar, tudo como manda a figurinha, opa, o figurino. (É que as figurinhas passaram a ditar o estado de espírito das pessoas no Período Pré-Copa.) Mas sabe que eu estou um pouco chocada com os efeitos desta Copa?
Fazer parte, vestir a camisa, torcer, nada disso é opcional. Empresas avisam por e-mail o horário de funcionamento durante os dias de jogo do Brasil, muitas lojas vão fechar e só voltam a abrir no dia seguinte, as escolas vão parar, o Brasil em ritmo de Copa é oficial. Talvez sempre tenha sido, mas eu não tinha botado reparo nas proporções.
O meu sofrimento, porém, não é pelo jogo. Eu conheço, e você também, gente que se transforma, fica doente, acaba com as unhas. Nada disso acontece comigo. Mas fico meio hipnotizada com a bola e vou comendo o que estiver na mesa. Sem pensar. Pego uma provinha aqui, outra ali, nem sinto direito o sabor, mas vou comendo, comendo. Nem aguento mais e pego só mais um, mais outro, eu juro que é o último e, quando a travessa está vazia, vou ali pegar mais alguma coisa.
Comer por ansiedade, por tristeza, por vazio emocional, tudo isso eu entendo. Mas comer por comer, sem nem ter prazer, comer no automático, sem pensar, isso acaba comigo. Cada um com os seus problemas. Mas me dá ressaca, mesmo.
Por principio, aperitivo é um pouco comer por comer. Especialmente às três e meia da tarde. Mas qual a graça de ver o jogo sem um belisco? Pois estou eu aqui pensando no que vou fazer amanhã e chega um e-mail da Juliana Stelli de Azevedo: “Já há um tempo que visito o Panelinha diariamente. Já testei várias receitas e adorei todas. Adoro seu jeito de fazer receitas glamurosas parecerem simples e fáceis. O pão piadina virou figurinha fácil aqui em casa e, na última vez, fiz uma variação dele que queria compartilhar com você. Como eu fiz e congelei em porções individuais, ficou uma porçãozinha esquecida no meu congelador. Então, resolvi fazer ‘piadininhas’. Abri a massa e usei o cortador redondo, as sobras eu ia juntando, abrindo de novo e cortando mais, até acabar. Aí fiz uma pasta de kani e ficou assim, como na foto!”
Ueba! Ainda bem que amanhã o jogo não é contra a Itália. Dizem que não é bom servir comida do adversário. Se bem, Juliana, que esta pasta de kani é meio duvidosa... O que é que se come na Coréia do Norte? Isto é, além de cachorro quente?
Ou será que deveríamos justamente papar o adversário? Aí poderíamos fazer um cachorro quente de piadina com kani, que, de todo modo, seria o mais próximo ao legítimo cachorro quente coreano que conseguiríamos comer. Aproveito para informar que, aqui no Panelinha, vamos trabalhar durante a Copa. Antes dos jogos, porém, faremos uma pequena pausa para cozinhar os petiscos.