O mercado de chocolate gourmet brasileiro

O mercado de chocolate gourmet brasileiro
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Por Rita Lobo - 04 de setembro de 2014


Luciana Lobo é colunista convidada do Blog da Rita e assina semanalmente a coluna Só Chocolate. Hoje, ela conta uma boa nova: o mercado brasileiro de chocolate gourmet está indo por um bom caminho.

Sabe o que me deixa muito entusiasmada? Ver os esforços para termos no Brasil um chocolate de qualidade, que se equipare ao belga, e com o cacau selecionado 100% brasileiro.

Por muitos anos lamentei não termos no Brasil um chocolate gourmet de qualidade. Primeiro porque a legislação favorece a questão do custo, permitindo que se adicione gorduras hidrogenadas ao chocolate, o que transforma o produto em algo de péssima qualidade. Segundo porque o cacau utilizado era de má qualidade – até 12 anos atrás, não havia no país um bom chocolate nacional. E o consumidor se acostumou com o ruim.

Até que, com a globalização gastronômica, o público ficou mais exigente. Duas marcas estrangeiras, internacionalmente respeitadas, perceberam a oportunidade e entraram no mercado nacional: a belga Callebaut e a francesa Valhona.

Nesta semana fui a um evento sobre cacau fino brasileiro promovido pelo fabricante Harald, da marca Unique, que vem fazendo um excelente trabalho no desenvolvimento de chocolates gourmets no Brasil voltado ao “food service” (chocolaterias, confeitarias e restaurantes). Existem também as marcas AMMA e Mendoá, que merecem destaque. São nacionais, fazem chocolate gourmet de qualidade, e são focadas mais no varejo que no “food service”.

O mercado brasileiro de chocolate representa 10 bilhões de reais e cresce 10% ao ano. O segmento gourmet representa 15 a 20% deste total e cresce a uma taxa de 20% ao ano. Somos o 3º maior produtor do mundo e o 4º maior consumidor – mas o consumo per capta ainda está em 20º lugar. Isso quer dizer que ainda há um grande potencial para crescer.

No evento da Harald esta semana percebi uma mudança de mentalidade tanto do fabricante de chocolate como do produtor de cacau, priorizando a qualidade do cacau e do processo de fabricação – e não o custo. Todo o investimento envolvido em pesquisas e desenvolvimento de produto me faz pensar que realmente teremos uma nova era: a do foco na qualidade e no consumidor.

Eu ficava extremamente incomodada quando me perguntavam por que utilizava chocolate belga e não brasileiro. A resposta era: porque não tínhamos no Brasil um bom chocolate, e que o importado era a única opção. Não é bom poder mudar esse discurso?