O gênio dos caramelos
Por Rita Lobo - 05 de outubro de 2010
São dois os motivos do sumiço: livro novo a caminho, e acabo de voltar de Paris. Sobre o livro, conto mais para frente. Agora, quero aproveitar que os sabores da viagem ainda estão fresquinhos na cabeça. São muitos assuntos, vários posts. Doces e salgados. Mas começo pelo caramelo. Quero dizer, o caramelo. Revi meus conceitos. Virei criança.
No hotel onde fiquei hospedada, à noite, em vez de um chocolatinho amargo, eles deixam duas balinhas no criado-mudo. Meio no automático, abri o celofane e coloquei a bala na boca. Simplesmente não acreditei. Indescritível. Como pode um caramelo não ser doce? Quero dizer, excessivamente doce. Ele é macio ao extremo, mas não é mole nem grudento. (Ah, era essa a minha impressão de caramelos: balas chatas de comer, que grudam nos dentes!)
No dia seguinte, bati perna até as 10 da noite. Entrei ansiosa no quarto, e nada das balinhas. Que tristeza. Uma decepção. Será que era um agrado de primeiro dia? Terceira noite, e elas voltaram. Acho que o camareiro havia se esquecido. Ah, eu também me esqueci de dizer que o outro caramelo era um torrone. Mas em versão bala. Também amanteigada, também macia, porém mais doce.
Paris para mim tem sempre dois pesos. Passei uma longa temporada lá quando tinha 20 anos. E, depois, durante uma década, todos os anos fiquei pelo menos uma semana por ano na cidade. Quando os meus filhos nasceram, as minhas viagens ficaram mais espaçadas. (Digo, bem mais espaçadas. E ponha espaçadas nisso!) Há uns 4 anos não ia para lá. Se por um lado, dá vontade de ver coisas novas, por outro, quero ficar revendo as coisas de sempre. E caminhar o dia inteiro, sem muita programação.
Numa dessas, fui parar no salão de chá do chef Jacques Genin. A confeitaria não é nova, mas tem menos de 4 anos. Eu não conhecia. Não fica logo aí, nos arredores de Saint-Germain, mas é logo ali, para os lados do Marais. A loja é grandiosa, contemporânea e mais parece uma galeria de arte. Tem uma certa frieza. Mas o serviço é muito simpático. E os chocolates são deliciosos – fiz uma degustação de sete tipos. Há também doces clássicos da confeitaria francesa, mas com a assinatura moderna do chef, como o mil folhas, montado na hora. Uma volta ao redor do salão, passando por tortas, bombas e, peralá: esse não é o caramelo do Relais Saint-Germain? Era. Alegria crescente!
Não é muito doce porque é feito com manteiga salgada. Pode ser puro ou com pistache, macadâmia etc. Há também um caramelo amarelinho que a minha ignorância tinha certeza ser um parente do lemon curd. Sabe o que é? Aquela geleia inglesa de gemas e limão, usada para passar na torrada ou como recheio de doces. Então, o caramelo de lemon curd é, na verdade, de manga com maracujá.
Comprei um saquinho e trouxe na mão para casa. (Não foi na mão, mas dá a ideia do quanto achei preciosa a balinha.) Queria que os meus filhos provassem. Acho que ainda é muito cedo para eles viajarem comigo. Mas queria trazer um pouco dos sabores de Paris para eles - além do chaveirinho da torre, que eu devia ter comprado.
“Mamãe está comendo bala!”, foi o primeiro choque. Mamãe quer que a gente coma bala deve ter sido a segundo. Mamãe e as crianças acabaram com o pacatinho de 20 caramelos em menos de 20 segundos, o terceiro. Mamãe está arrasada porque não comprou mais, o quarto. Ô mania de economizar! Salvei dois para fazer uma fotinho. E quem for a Paris e quiser me trazer outro pacotinho, o endereço do Jacques Genin é 133 rue de Turenne.
No hotel onde fiquei hospedada, à noite, em vez de um chocolatinho amargo, eles deixam duas balinhas no criado-mudo. Meio no automático, abri o celofane e coloquei a bala na boca. Simplesmente não acreditei. Indescritível. Como pode um caramelo não ser doce? Quero dizer, excessivamente doce. Ele é macio ao extremo, mas não é mole nem grudento. (Ah, era essa a minha impressão de caramelos: balas chatas de comer, que grudam nos dentes!)
No dia seguinte, bati perna até as 10 da noite. Entrei ansiosa no quarto, e nada das balinhas. Que tristeza. Uma decepção. Será que era um agrado de primeiro dia? Terceira noite, e elas voltaram. Acho que o camareiro havia se esquecido. Ah, eu também me esqueci de dizer que o outro caramelo era um torrone. Mas em versão bala. Também amanteigada, também macia, porém mais doce.
Paris para mim tem sempre dois pesos. Passei uma longa temporada lá quando tinha 20 anos. E, depois, durante uma década, todos os anos fiquei pelo menos uma semana por ano na cidade. Quando os meus filhos nasceram, as minhas viagens ficaram mais espaçadas. (Digo, bem mais espaçadas. E ponha espaçadas nisso!) Há uns 4 anos não ia para lá. Se por um lado, dá vontade de ver coisas novas, por outro, quero ficar revendo as coisas de sempre. E caminhar o dia inteiro, sem muita programação.
Numa dessas, fui parar no salão de chá do chef Jacques Genin. A confeitaria não é nova, mas tem menos de 4 anos. Eu não conhecia. Não fica logo aí, nos arredores de Saint-Germain, mas é logo ali, para os lados do Marais. A loja é grandiosa, contemporânea e mais parece uma galeria de arte. Tem uma certa frieza. Mas o serviço é muito simpático. E os chocolates são deliciosos – fiz uma degustação de sete tipos. Há também doces clássicos da confeitaria francesa, mas com a assinatura moderna do chef, como o mil folhas, montado na hora. Uma volta ao redor do salão, passando por tortas, bombas e, peralá: esse não é o caramelo do Relais Saint-Germain? Era. Alegria crescente!
Não é muito doce porque é feito com manteiga salgada. Pode ser puro ou com pistache, macadâmia etc. Há também um caramelo amarelinho que a minha ignorância tinha certeza ser um parente do lemon curd. Sabe o que é? Aquela geleia inglesa de gemas e limão, usada para passar na torrada ou como recheio de doces. Então, o caramelo de lemon curd é, na verdade, de manga com maracujá.
Comprei um saquinho e trouxe na mão para casa. (Não foi na mão, mas dá a ideia do quanto achei preciosa a balinha.) Queria que os meus filhos provassem. Acho que ainda é muito cedo para eles viajarem comigo. Mas queria trazer um pouco dos sabores de Paris para eles - além do chaveirinho da torre, que eu devia ter comprado.
“Mamãe está comendo bala!”, foi o primeiro choque. Mamãe quer que a gente coma bala deve ter sido a segundo. Mamãe e as crianças acabaram com o pacatinho de 20 caramelos em menos de 20 segundos, o terceiro. Mamãe está arrasada porque não comprou mais, o quarto. Ô mania de economizar! Salvei dois para fazer uma fotinho. E quem for a Paris e quiser me trazer outro pacotinho, o endereço do Jacques Genin é 133 rue de Turenne.