O ano novo é chinês ou judaico?
Por Rita Lobo - 01 de fevereiro de 2011
Alma Imoral, o livro, virou peça de teatro basicamente por causa de uma reclamação. Clarice Niskier, a atriz que adaptou o texto, conta que estava num programa de televisão promovendo uma montagem; na mesma entrevista, o rabino Nilton Bonder falava do lançamento do livro Alma Imoral. Alguém perguntou sobre a religião dela, e ela respondeu que era judia e budista - ou algo assim. Minutos depois, uma telespectadora indignada ligou para explicar: “Minha filha, ou bem você é judia ou bem é budista...”. O rabino saiu em defesa da liberdade religiosa e a argumentação dele despertou o interesse da atriz no livro. Ela leu, releu, decorou, adaptou e meses depois a versão monólogo do livro estava no palco. Você chegou a assistir?
Contrariamente ao que pensa a senhorinha do recado, está cheio de judeu budista por aí. Tem até nome: jubu – é sério! E sabe como se chama uma pessoa filha de pai católico com mãe judia? Caju. Pois bem, mas a história aqui bem tem e bem não tem a ver com isso.
Agora pouco eu estava falando por telefone com o Breno Lerner, autor do livro A cozinha judaica, entre tantas outras atividades. Antes de desligar, ele me disse: “Não se esqueça de queimar a imagem do senhor dos fogões” – e eu fiz cara de paisagem do outro lado da linha. O Breno então me explicou: “No ano novo chinês, uma imagem Zao Jun é colocada sobre o fogão, lugar de onde se vê toda a família – é que naquele tempo não tinha televisão! No decorrer do ano, ele pode observar cada um dos integrantes. Na véspera do ano novo seguinte, passe-se mel na imagem, nos lábios de Zao Jun, e depois o papel é queimado. A fumaça de Zao Jun sobe até o céu e conta ao Grande Senhor de Jade como foi o comportamento de cada indivíduo. Por isso é bom adoçar a boca dele! Com base no relato, do Senhor dos Fogões, o Senhor de Jade inscreve o nomes das pessoas no livro dos que vão viver ou no dos que vão morrer.”
Espera aí, Breno, você não está confundindo o ano novo chinês com o judaico? Ou melhor, com o Yom Kippur? O Dia do Perdão, a data mais importante do calendário hebraico, acontece logo depois do ano novo judaico e é quando os judeus, em jejum, rezam para serem inscritos, justamente, no “Livro da Vida”.
O Breno deu risada. Disse que, de fato, há similaridades entre as datas, mas que a lenda chinesa é ainda mais velha que a tradição judaica. Então, se você quiser, imprima a imagem e coloque amanhã, dia 2, colada na parede bem em cima do seu fogão. Pessoalmente, achei a lenda ótima para contar para as crianças – quem sabe assim elas param de comer o meu chocolate quando eu não estou olhando! E a outra vantagem da data é que nem precisa jejuar.
Contrariamente ao que pensa a senhorinha do recado, está cheio de judeu budista por aí. Tem até nome: jubu – é sério! E sabe como se chama uma pessoa filha de pai católico com mãe judia? Caju. Pois bem, mas a história aqui bem tem e bem não tem a ver com isso.
Agora pouco eu estava falando por telefone com o Breno Lerner, autor do livro A cozinha judaica, entre tantas outras atividades. Antes de desligar, ele me disse: “Não se esqueça de queimar a imagem do senhor dos fogões” – e eu fiz cara de paisagem do outro lado da linha. O Breno então me explicou: “No ano novo chinês, uma imagem Zao Jun é colocada sobre o fogão, lugar de onde se vê toda a família – é que naquele tempo não tinha televisão! No decorrer do ano, ele pode observar cada um dos integrantes. Na véspera do ano novo seguinte, passe-se mel na imagem, nos lábios de Zao Jun, e depois o papel é queimado. A fumaça de Zao Jun sobe até o céu e conta ao Grande Senhor de Jade como foi o comportamento de cada indivíduo. Por isso é bom adoçar a boca dele! Com base no relato, do Senhor dos Fogões, o Senhor de Jade inscreve o nomes das pessoas no livro dos que vão viver ou no dos que vão morrer.”
Espera aí, Breno, você não está confundindo o ano novo chinês com o judaico? Ou melhor, com o Yom Kippur? O Dia do Perdão, a data mais importante do calendário hebraico, acontece logo depois do ano novo judaico e é quando os judeus, em jejum, rezam para serem inscritos, justamente, no “Livro da Vida”.
O Breno deu risada. Disse que, de fato, há similaridades entre as datas, mas que a lenda chinesa é ainda mais velha que a tradição judaica. Então, se você quiser, imprima a imagem e coloque amanhã, dia 2, colada na parede bem em cima do seu fogão. Pessoalmente, achei a lenda ótima para contar para as crianças – quem sabe assim elas param de comer o meu chocolate quando eu não estou olhando! E a outra vantagem da data é que nem precisa jejuar.