Nonno Ruggero, miss Potter e eu

Nonno Ruggero, miss Potter e eu
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Por Rita Lobo - 02 de maio de 2007


Acho que estou apaixonada. Ou algo assim. Pelo menos, vejo que é esse o termo que as pessoas usam quando estão com uma idéia fixa. E passei o fim de semana pensando no Nonno Ruggero. Calma: não estou apaixonada pelo avô de ninguém. Ou melhor, ele de fato é o falecido avô do Rogério Fasano. Mas estou me referindo ao restaurante localizado no primeiro andar do Hotel Fasano. Havia almoçado lá em outras ocasiões. Sempre durante a semana e a trabalho. Mas naquele sábado fresco e tranqüilo do feriado, parecia ter sido a primeira vez que almoçava lá.

Às vezes, acho que nós mulheres somos mesmo estranhas. Na sexta-feira, fui assistir a Miss Potter. Apesar da interpretação da Renée Zellweger – como ela está careteira neste filme! –, saí inspirada do cinema. Mas só notei isso no dia seguinte. A saia que escolhi vestir para ir almoçar no Nonno Ruggero era de veludo, até o pé, como as que Beatrix Potter usava. Assim, imaginando que eu pudesse roubar um pouco da fé e da criatividade de miss Potter, fui andando até o hotel. Encontrei com duas amigas no caminho, mas ninguém notou que eu estava fantasiada. Bem, pelo menos era assim que eu estava me sentindo. Não pela saia, mas porque estava cheia de confiança na vida e com uma certa alegria nos pensamentos. Talvez por isso, quando entrei no restaurante, tive a impressão de estar viajando no tempo e no espaço. E não é incrível que um restaurante possa proporcionar esta sensação?

Arrastando minha saia no chão, fui até o bufê para me servir de presunto cru, parmesão, saladinha caprese e os deliciosos pães do Fasano. Que mais uma pessoa pode querer? Bem, Fernanda, minha amiga, queria comer uma massa com ragu. Eu queria vinho, mais queijo, mais presunto cru e, depois, uma rodada de fundo de alcachofra, salmão grelhado e fios de legumes salteados. Tudo muito simples. Tudo muito saboroso. Perfeito para o primeiro sábado fresco após uma temporada que fez com que eu me sentisse em África (é meu pai que diz, “em África”, eu diria na África mesmo, mas deu vontade de falar como ele). Quando a última gota da garrafa de vinho pingou na minha taça, achei que estava na hora de olhar para o bufê novamente. Lá estavam duas tortas, uma de chocolate e outra de ricota. Tinha também uma saladinha de frutas. Mas esta não tinha a menor chance. Aliás, a torta de chocolate também não. É que amo torta de ricota. E aquela era a melhor torta de ricota que miss Potter teria comido na vida.