Marshmallow com frutas

Marshmallow com frutas
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Por Rita Lobo - 07 de outubro de 2010


Na última década, fiz apresentações e palestras para os mais variados públicos. O tema é sempre comida, claro. Mas, ontem, estive diante da platéia mais difícil de todas. Já falei para grupos de presidentes de empresas, para mulheres empresárias, para jovens empreendedores, mas entreter 330 crianças de 6 anos de idade, de longe, foi o maior desafio.

Contei no post anterior que, em função do Dia das Crianças, iria fazer uma atividade com os alunos dos 1ºs anos da escola onde meus filhos estudam. Propus uma degustação de frutas para que as crianças pudesses comparar as diferenças de sabores, texturas, aromas. (E, talvez, experimentar novas variedades!) Foram 3.300 cubinhos de frutas divididos em 330 pratinhos. Dez frutas diferentes para cada criança.

Eram grupos de 60 a 90 crianças. Duas ou três classes por vez. Para mim, foi uma experiência e tanto. A mecânica consistia em cheirar, lamber, colocar o pedaço da fruta na boca, mastigar bem antes de engolir e, depois, dar uma nota para a fruta. Entre uma fruta e outra, muita conversa, discussão e, de 0 a 10, notas como 4.337 para o mamão, ou menos 87 para o abacate não foram incomuns. As crianças são muito divertidas.

Poucos não participaram. Uma menina chegou a chorar porque comeu banana. E dois meninos ficaram entusiasmadíssimos com a descoberta do abacate. Mas foi a fruta menos celebrada pelos pequenos. Na vez do abacate, eu perguntava quem ali era corajoso. Todos gritavam: “Eeeeeeeeeeeu!” Ah, que bom! Porque agora eu quero ver quem tem coragem de experimentar uma fruta que não é doce...

De maneira geral, todos conheciam bem as frutas, sabiam indicar quais eram ácidas, mais gordurosas, mais aguadas, mas não sabiam explicar por que não gostavam dessa ou daquela fruta. Laranja, maçã, manga e melancia eram as favoritas. Melão, abacaxi, pêra e mamão não foram muito festejados. Frutas como lichia, amora e carambola apareceram espontaneamente na conversa.

Depois de comer cada uma das frutas individualmente, eles eram servidos de uma salada de frutas com marshmallow. Uma festa! Uns pediam mais frutas, outros só marshmallow e um único menino me disse, com jeito bem sério: “Com licença, tia, mas você deveria saber que marshmallow não combina com frutas. Pode fazer uma tacinha só com as frutas para mim, por favor?”

Para terminar, publico aqui um e-mail que acabo de receber Daniel. Ele também deveria saber que frutas não combinam com marshmallow. Mas a gente não aprende! Vamos continuar comendo merengue italiano como se fosse marsmallow, e com frutas!

Olá, Rita, como vai?

Acabei de passar pelo seu blog, adorei o post do merengue. Não que merengue italiano seja uma novidade pra mim, mas me fez pensar que os meus doces favoritos, quase todos têm merengue como base, Pavlova, ninhos de merengue, simples suspiros, delicados macarons , vacherin gelado... E não é incrível que seja só claras e açúcar?

Quando éramos pequenos, minha avó Marietta sempre levava meus irmãos e eu até a casa da minha tia avó Margarida. Não era longe daqui. Tinha parreiras no quintal e uma cozinha com piso de ladrilho hidráulico branco e preto. Tinha também uma lata grande de metal que ficava no armário com as prateleiras decoradas com rendas de papel cortado... Sabe o que havia dentro da lata? Suspiros, montes deles, que devorávamos todos, minha irmã principalmente, que chegava a comer uns 20 suspiros e depois levava bronca da minha avó. Lembrei de tudo isso vendo seu merengue. Não é engraçado como funciona nossa memória?
Um beijo,

Daniel

OBS: Meus suspiros nunca ficaram iguais os da tia Margarida, talvez a proporção de açúcar dos meus seja diferente. Mas minha mãe contou uma vez que quando ela era pequena, e ia lá, sempre queria tomar água com açúcar. Vai ver o açúcar da casa da tia Margarida fosse diferente.