Jantar a doze mãos

Jantar a doze mãos
Compartilhe

Por Rita Lobo - 26 de fevereiro de 2007


Madu é prima de Bob e amiga de Guilherme e avó de Ana Teresa e é mãe de Jean, marido de Flavia, amiga de Fernanda, filha do Bob, ex-cunhado de Guilherme, pai de Rita, mãe de Gabriel e de Dora e casada com Roberto, amigo de Edu, marido da Fernanda, mãe de Bia e de Luiza que são amigas da Ana Teresa, da Dora e do Gabriel; Flavia, Fernanda e Rita são sócias (escrevo assistindo ao discurso do Scorsese recebendo o Oscar, e sou facilmente influenciável, por isso, não coloquei nenhum ponto final e espero que você tenha lido bem rapidinho). Sim, eu sou a Rita. Não, essa não é a história de nossas vidas, mas a do jantar de sábado passado. E só. Mas esse histórico das relações dá uma idéia de quantas vezes Fernanda, Edu, Flavia, Jean, Roberto e eu jantamos juntos. E esse tempero, não tem receita.

Foi Jean quem ligou convidando para jantar. “Vocês querem vir aqui em casa?” Respondi que sim. “Então a Flavia liga para a Fernanda. O que você quer cozinhar?” Ah! O convite inclui o preparo dos pratos... “Por que não vamos todos ao supermercado e cada um escolhe os ingredientes que quer?” Figos, vieiras, presunto cru, erva-doce, queijo de cabra, vinho branco (para beber!), lagosta, cogumelos-de-paris... Ali mesmo, entre as gôndolas, foram surgindo as idéias de como combinar os nossos gostos e transformar os ingredientes no jantar daquela noite. Pensamos em cinco pratos. Nenhum principal. Todos para fazer, servir e comer.

Este não é um post de receitas, apenas do histórico do preparo dos pratos que fizemos a doze mãos. Então, nem adianta perguntar as quantidades. Já o rendimento, dá para seis!

Ah! Essa foto é da Flavia no jantar de aniversário da Fernanda, no ano passado, na minha casa!

Batatinha assada com alecrim, azeite e sal grosso, servidas com mussarela de búfala ao balsâmico

- As batatinhas, com a casca, cozinharam em água salgada por 6 minutos (contados a partir do momento da fervura) e, depois de escorridas, foram para a assadeira. Elas ganharam um banho de azeite, foram salpicadas com sal grosso e polvilhadas com folhas frescas de alecrim. O forno estava preaquecido a 180ºC e as batatas ficaram assando por 1 hora (tempo suficiente para fazer outros preparos, como laminar e saltear a erva-doce usada em outro prato, e acabar com a primeira garrafa de vinho).

- Antes das batatas saírem do forno, meia xícara de balsâmico ferveu numa panelinha até ficar com consistência de xarope.

- As mussarelas foram picadas grosso e temperadas com azeite e sal. Na hora de servir, foram misturadas às batatas (na assadeira já fora do forno). A mussarela aquece um pouco e absorve ainda mais os sabores dos temperos.

- O xaropão de balsâmico vai por último. É só dar uma misturada e servir numa cerâmica bacana. Dá para comer com garfinhos ou espetando em palitos de bambu.

Figo salteado servido com presunto cru, cubinhos de queijo de cabra sobre salada de verdes ao vinagrete de balsâmico e mel

- A Flávia, que foge do fogão, mas não nega fogo quando o assunto são as saladas, rasgou com as mãos as folhas de verdes variados; emulsionou azeite, balsâmico, sal e mel numa tigelinha (é só bater com um garfinho até o molho engrossar); e cortou o queijo de cabra em cubinhos de 0,5 cm.

- Os figos foram lavados e cortados ao meio, com a casca. Uma frigideira antiaderente foi para o fogo alto com um fio de azeite; os figos, com a parte cortada para baixo, foram para a frigideira até perfumarem a cozinha toda.

- Enquanto isso, a Flavia temperou as folhas de verdes e colocou-as numa travessa grande. Depois, os cubinhos de queijo foram salpicados, fatias bem fininhas de presunto cru espalhadas em montinhos e os figos ficaram por cima de tudo.

Vieras assadas com azeite, alho e cebolinha-francesa servidas com salada de cogumelos-de-paris e erva-doce salteada com molho de limão e azeite

Inicialmente, eu queria usar a erva-doce com a lagosta: os dois sabores combinam bem com laranja, que seria a base de um molho com muita manteiga, confesso. Mas o Jean começou a preparar as vieiras, que assam em minutos, e só então percebeu que não tinha feito nenhum acompanhamento... Então ficou assim:

- Fatiei o bulbo de erva-doce bem fininho e coloquei numa frigideira com azeite para dourar. Cortei um punhado de cogumelos-de-paris em fatias finas e reguei com bastante limão. Quando as lâminas de erva-doce estavam douradas, foram para a tigela com os cogumelos; reguei com um pouquinho mais azeite e temperei com sal e pimenta-do-reino. Enquanto o Jean preparava as vieiras, dividi a saladinha em seis pratos.

- O Jean picou bem fininho uns dentes de alho e um monte de cebolinha-francesa. Na assadeira, colocou um bom tanto de azeite e juntou o alho e a cebolinha, que foram para o forno. Quando o azeite esquentou, Jean jogou as vieiras na assadeira. Depois de 5 minutos (ou menos), ficaram prontas e, só então, ganharam uma pitada de sal e pimenta. Elas ficaram lindas sobre a saladinha que eu tinha preparado para acompanhar a lagosta!

Lagosta grelhada e fatiada com rodelas de abobrinha, hortelã e manteiga de laranja

- Para cortar as folhas de hortelã em fatias bem fininhas, a Fernanda fez uma pilha com elas, enrolou como se fosse um charuto e cortou as fatias com uma faquinha. E sabe onde ela aprendeu essa técnica? Sim, aqui no Panelinha! (Veja o vídeo da Salada de cereais, abacaxi e peito de peru no canal s/tpm).

- Manteiga, raspas de laranja, suco de laranja, um pouquinho de Grand Marnier e sal se misturaram em fogo bem baixinho (só até a manteiga derreter).

- Na mesma assadeira onde as vieiras foram assadas, rodelas bem finas de abobrinhas foram espalhadas. Elas ficaram no forno por uns 5 minutos de cada lado.

- Os filés de lagosta foram temperados com suco de limão e sal e pularam na grelha fervendo de quente. Depois de uns minutinhos, foram para a tábua onde cortei-os em fatias grossas, bem douradinhas por fora e ainda cruas por dentro.

- O Edu, que até então tinha limitado sua participação a beber e comer, trocou a música que estava tocando por algo ainda mais estranho. O Roberto continuou comendo.

- Misturei as rodelas de abobrinha com as fatias de lagosta, reguei com um pouco da manteiga, polvilhei com a hortelã fatiada e coloquei numa travessa comprida de rocambole. Parece-me que o Roberto gostou!

A sobremesa foi feita pelo Jean, mas não acompanhei o preparo. Vou pedir a receita. Se ele tiver, coloco aqui amanhã. Manda aí, vai Jean?