Feriado ilustrado

Bati o olho na ilustração ao lado e fiquei encantada. Meio hipnotizada. Acho que fiquei com vontade de estar nesse lugar onde o pensamento é livre, tão solto que dá para encostar numa árvore e adormecer, mas não sem antes quebrar o estilingue de tanto brincar. Depois que os filhos nascem, porém, esse lugar passa a ser deles. Só deles. Ser mãe é lindo, mas é carregado de preocupações. Nem dormindo a gente descansa.

A ilustração ao lado é da Lavínia Carvalho com colaboração do Pablo Lobo. Dizendo assim, dá a impressão de que o Pablo é meu primo, e a Lavínia, minha amiga de longa data. Mas o Pablo não é meu parente, e eu não conheço nem ele nem ela. Pelo menos, não pessoalmente.

Gostei das cores, do jeito de papel antigo, envelhecido, do traço delicado, mas não era só isso. Fiquei olhando para ilustração e me perguntando por que eu não estava conseguindo tirar os olhos dela. Acho que a resposta é justamente uma pergunta: será mesmo esse lugar pertence aos nossos filhos?

Ando um pouco mais preocupada do que o normal. O velho papo de muita informação, muita responsabilidade. Mas agora tá pegando. Se para nós já é difícil desligar, e supostamente temos mais recursos, imagine para as crianças. Escola, lição de casa, aula disso e daquilo, celular, joguinhos, computador, televisão, coisas boas e coisas péssimas, da pior qualidade, às vezes inadequadas. A gente não consegue controlar tudo. Sem falar que crescer não é fácil, nada fácil. Será que os nossos filhos conseguem desligar?

Espero que o feriado sirva para isso. Vou torcer para que a gente possa comer um bocado, encostar numa árvore e adormecer sem nem ter tempo de contar carneirinhos. Espero que os meus filhos olhem para o mar e possam ver o mar, não um filme com piratas e navios. E vou torcer para que eu possa olhar para a ilustração sem me preocupar com os meus filhos.

Aliás, além de olhar para a ilustração da Lavínia, antes de encostar na árvore, vou aproveitar o feriado para fazer um monte de receitinhas novas.