Drink de verão

Drink de verão
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Por Rita Lobo - 08 de fevereiro de 2009


A garrafa de água com gás estava lado a lado com a de suco de uva. As duas na porta da geladeira, como sempre. O suco é natural, às vezes orgânico. E a água é sempre com gás e em garrafinhas pequenas, dessas de 300 ml; as maiores perdem as bolhas muito antes que eu consiga tomar a garrafa toda. Mesmo no verão. Não gosto muito de água. É neutralidade demais para o meu gosto. E isso já foi um problema na minha vida. Mas para todo problema há, pelo menos, uma solução.

As bolinhas ajudaram muito: não têm gosto, mas dão textura. Já contabilizei, então, pelo menos um copo a mais por dia. Outra medida, essa não planejada, é que deixei de tomar líquidos durante o almoço (jantar geralmente tem vinho). Depois de uma hora, dá uma sede danada e tomo a minha garrafinha num gole só. No escritório, uma vez por dia, me obrigo a tomar um copo, sem gás, como se fosse remédio. Se estiver muito quente, o dia, não a água, tomo dois. Mas pela manhã, agora que sou praticamente uma atleta e faço quase 25 minutos de rotex, tomo uns três copinhos daqueles que moram ao lado do bebedor. Atleta e hidratada!

Pois é, e lá estava a água com gás ao lado do suco de uva. Fim de tarde quente, começo de noite abafado. Olhei bem para as duas garrafas e tive a frisante, ops!, brilhante idéia (que você já deve ter sacado desde a primeira frase do post e eu demorei mais de 30 anos para juntar uma coisa com a outra)... “Buona sera, signorina”, foi o que o copo me falou assim que o suco encontrou com água. Suco de uva com água com gás tem gosto de Itália!

Nunca tinha tomado, nem aqui nem lá. Mas logo no primeiro gole tive vontade de correr para o armário e pegar um vestido floral, bem clarinho, ideal para um fim de tarde na Emília-Romana, onde é feito o Lambrusco, vinho espumante tinto e adocicado, certamente primo do meu novo coquetel não-alcoólico (se bem que uma dose de grappa pode funcionar). Não é possível que ninguém tenha pensado em colocar no mesmo copo suco de uva e água com gás. É tão chique! É tão cocktail party. Sparkling, dear! Mas é na Emília-Romana que estão meus pensamentos, ou meu paladar. Mais especificamente em Ravena, onde comi até cansar, sempre no fim de tarde, uma piadina quentinha, saindo da chapa. Piadina é uma espécie de pão-meio-pizza que, em vez de assado no forno, fica na chapa ou na grelha por 4 minutos. Iria muito bem com uma taça de suco de uva frizzante. Uma fatia de presunto cru também não seria ruim. Mas isso é só para terminar o dia quente e refrescar a noite abafada. As vezes a felicidade está sob o nosso nariz, quer dizer, dentro da nossa geladeira, e a gente não percebe, menina. Meu novo drink de verão está escolhido.