Copos e mais copos...

Copos e mais copos...
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Por Rita Lobo - 28 de setembro de 2007


Estou lembrando da mãe de uma amiga minha. Ela é superdivertida. A família toda é. E quando a gente vai jantar lá, ela não esconde que é feliz. “A gente aqui é alegre mesmo”, e solta uma gargalhada de fazer tremer os vidros da casa. E até quem está triste não consegue ficar com a cara amarrada. “Nesta casa, a gente é feliz porque a gente bebe. Aceita um uisquinho?” Ai, ai. Dá para não aceitar? Mas eu não tomo uísque. A não ser quando estou na Escócia. Sério! Coisa de gente fina. Não que eu seja. Mas a senhorinha que mora dentro de mim é chiquérrima! E está cada vez pior.

A Nina, que trabalha aqui comigo, você já deve conhecer, descobriu que também tem uma senhorinha que mora dentro dela. E, agora, as duas senhorinhas, a minha e a dela, deram para conversar. E o assunto favorito das duas, contrariamente ao nosso, não é comida. É bebida. “Esfriou, eu bebo. Esquentou, bebo”, uma comentou com a outra agora pouco.

Uma outra amiga havia combinado um jantarzinho de amigas. Eu perguntei: “Onde vamos jantar?” E ela respondeu: “Não interessa o lugar, o que importa é a companhia. A companhia de um bom vinho, é claro.” E um vinho bom, realmente, faz toda a diferença. Não que ele seja mais importante que a outra companhia, ah, isso não. Mas agora que temos atestado médico, beber uma taça por dia ficou ainda melhor. Depois eles vieram com um papinho que o importante é a casca da uva escura. Por isso, vinho branco é bom, mas não faz bem ao coração.

Não foi pensando nisso que o meu filho ficou obcecado por uma centrífuga de fazer sucos, que ele viu anunciada na televisão. Ele não pensou que poderia fazer sucos fresquinhos, utilizando inclusive a casca da uva. Mas ele ficou muito impressionado com a possibilidade de colocar o abacaxi, com a casca e tudo, e segundos depois ver nascer um suco amarelinho. “Compra um, mamãe!”

Ele não precisou de muito para me convencer. Também fiquei hipnotizada. Ficamos os dois com cara de peixe olhando para a televisão.Você sabe, a gente assiste tevê por dois motivos: porque o programa é muito bom ou porque é muito ruim. Era o caso. Infomercial é infomercial. E não adianta fingir que é programa de auditório, que também não é bom. E fiz do jeitinho que o apresentador mandou: peguei o meu cartão de crédito, liguei para a central, fiz o meu pedido e, com telefone na mão, corri para a porta de casa atrás do Gabriel que queria receber o produto. Antes de eu desligar o telefone, a mocinha do outro lado da linha avisou: “no caso, vamos estar entregando o produto num período de 10 dias...” Como? A senhora tem filhos? Já imaginou a decepção dos meus? Que 10 dias que nada, cancela! “No caso, o cancelamento só poderá estar sendo feito mediante...” CHAME O SEU SUPERVISOR! Bom, eles me prometeram que fariam o possível para atender a minha solicitação de urgência.Dez dias depois o produto chegou.

E não é que os sucos são deliciosos? Fomos à feira comprar pêssego, goiaba, uva, carambola, beterraba, cenoura... Todas as manhã uma novidade. A única coisinha que eles não explicam na televisão é que você precisa ter três empregadas e duas faxineiras para limpar o equipamento. E muito provavelmente, uma delas irá, ops!, “vai estar” pedindo demissão. Mas só de olhar para aquela máquina eu me sinto mais saudável. Nesta casa, a gente é saudável porque a gente bebe!