Comer, beber, votar

Comer, beber, votar
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Por Rita Lobo - 16 de setembro de 2011


Estes pratos que ilustram o post representam, de forma aproximada, 10% do que comi, em restaurantes, no últimos dois meses. Posso dizer que fiz um intensivão gastronômico, comendo o que os melhores chefs da cidade andam fazendo. Claro que ganhei uns bons quilinhos (mas já estou perdendo com o projeto #comermelhor!). Já a reciclada, as novidades que vi e de que gostei, pretendo multiplicar. De uma forma ou de outra, tudo vai se reverberando aqui no Panelinha.

Arnaldo Lorençato, editor de gastronomia da revista Veja São Paulo, me convidou para participar do júri da edição Comer e Beber da publicação. E eu topei. Como não? Mas que fique claro: isso não muda nada entre nós! Não vou ficar indicando onde você deve ou não almoçar! Mas, se quiser uma inspiração para fazer o jantar, você sabe que pode contar comigo. As milhares de receitas do site e da nossa comunidade estão aí para isso!

Agora, aqui entre nós, vou confessar: tudo na vida tem um lado bom e outro ruim, até poder gastar
R$ 11.220 nos melhores restaurantes da cidade. Pode acreditar.

Não é a primeira vez que eu participo dessa votação. Mas, pela primeira vez, a publicação paga todas as refeições dos jurados. Junto com la plata, vem a obrigação de comer centenas de platos. Eu não calculei que seria tão cansativo. Chega uma hora que você não aguenta mais comida de restaurante. Inclusive em termos fisiológicos.

Imagine almoçar numa churrascaria, jantar em outra e, no dia seguinte, tudo de novo. Mas esse é o pior cenário – como sofri com rodízio! Mas não vou reclamar de barriga cheia – e digo isso no sentido literal. Havia também os japoneses e os árabes e os contemporâneos... No total, votei em 19 categorias: além das tradicionais, por tipo de comida, havia as de profissionais, como chef do ano, chef revelação e restaurateur. E uma novidade: o melhor ambiente. Em cada uma, fui a pelo menos três estabelecimentos.

Tive algumas decepções, quase que amorosas. Com alguns restaurantes, tenho uma relação afetiva. Especialmente os da Península Ibérica. Só que eles não estão atravessando excelente fase. Tive que dar um tempo.

Não foram poucas as boas surpresas. Alguns pratos viraram paixão. O tirashi do Rangetsu of Tokio – que fica na av. Rebouças, mesmo – é um deles. O restaurante é na mão para mim, mas é tão esquisitão por fora que nunca tive vontade de entrar. Soube que ele estava passando por uma consultoria do chef Shinya Koike e achei que, apesar do meu preconceito, valia a visita. E valeu. Já voltei algumas vezes para comer o prato – uma tigela de arroz japonês com fatias de peixe cru em cima. Lá, porém, o arroz é temperado com gengibre em conserva, gergelim torrado e tirinhas de alga crocante. Só o arroz já vale o jantar. As fatias de peixe são servidas à parte, montadas com capricho em outro prato.

Outra boa surpresa foi o Epice. Eu não sou muito dada a ir a restaurantes novos. Geralmente, a equipe está crua, salão não se entende com cozinha, e se o local for pequeno, um grupo grande é suficiente para bagunçar o pedido de todas as mesas... Os pratos vêm trocados, fora do ponto, é batata. Bato o olho no salão e dou meia volta, volver. Curiosamente, não foi a minha experiência no Epice. Logo que abriu, fui almoçar lá. Adorei. Depois voltei mais quatro vezes. Numa única, um amigo não ficou feliz com o pedido. Eu, porém, só comi bem. Vieiras divinas, um polvo espetacular, um prato de charcuterie ótimo, muitas e boas opções. E as melhores sobremesas de São Paulo. Categoricamente. A de pera é a minha favorita.

Algumas categorias foram simples de votar. Pizza, por exemplo. Para o meu gosto, não há melhor que a caprese do Olea Muzzarella Bar. Ou mesmo a margherita do local. Claro há outras boas pizzas na cidade, como as da Bráz ou da Avanhandava 34. Inclusive, quem gosta daquela pizza padrão de muçarela comum, com massa grossa, queimada por fora e quase crua por dentro vai detestar a pizza em questão. A muçarela é de búfala, o molho é de tomates frescos e a massa, bem artesanal, é toda assada. A que eu mais gosto, caprese, ainda leva tomatinhos-cereja em metades e manjericão fresco.

Em outras categorias, suei frio. Foram dificílimas de votar. Não havia um lugar muito melhor que os outros. Mas só dava para votar em um restaurante. No post que vem, comento categoria a categoria, todos os meus votos. Mas, antes, um lugar que eu gostaria de ter votado, mas não estava entre os concorrentes.

O Falafa, que era considerado um bar, é sem dúvida o melhor bom e barato dos Jardins. Além do falafel, especialidade da casa, o menu oferece pratos com um jeitão de cozinha israelense. Tem caldo de galinha com bolinhas de matzá, vários tipos de homus, a pasta de grão-de-bico, que aparece aromatizada com beterraba, entre outros. A coalhada seca, deliciosa, leva um toque de mel. Ela fica divina sobre uma berinjela tostada, que é um dos meus pratos favoritos. O tabule é diferentão, ganha grão-de-bico – ah, sim, esse grão é a estrela do cardápio. O lugar é muito simpático, ideal para um almoço rápido durante a semana, ou para um encontro informal no fim de semana. Não pude votar, mas #ficadica!