Com vista para os Andes

Com vista para os Andes
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Por Rita Lobo - 27 de janeiro de 2013


Viagens não são exatamente o assunto deste blog. Mas sempre que alguém da equipe consegue dar uma escapada, a gente não resiste e acaba contando por aqui. Israel, Atacama, Paraty, Nova York, Paris, Suécia, Noruega, Brasília, os mais variados destinos já viraram assunto de posts. Mas antes de contar sobre a minha visita a Mendoza, preciso contextualizar: fica mais fácil de trazer você para o climão da viagem.

Meu marido e eu decidimos viajar uma semana sem as crianças (são quatro no total, dois de cada). Queríamos um lugar calmo, sem muito estímulo ao consumo — a não ser ao etílico — e com bastante conforto. Saliento esse último ponto porque nem sempre é um requisito: sou bem chegada a viagens para lugares desérticos, sem eletricidade, numa tentativa de desligar, quase uma busca do Eu, semi-zen, tipo sei lá, mil coisas... Mas não era o caso: só queria desligar e, eventualmente, até do tal do Eu. Além do mais, já tinha um deserto dentro de mim. Sobrou pouco depois de um ano de trabalho tão frutífero.

Mendoza parecia o lugar ideal. Tinha tudo o que a gente queria: ótimos vinhos, bons restaurantes, zero de tardes livres para compras. E o Hyatt, hotel com spa, uhu! Fiquei me imaginando da massagem para a piscina, com chapelão na cabeça e uma taça de vinho branco na mão. Vamos! E, sim: tinha massagem, piscina, vinhos de todas as cores, levei o chapelão, mas acabei fazendo uma viagem bem diferente do que eu imaginava.

A foto que ilustra o post pode dar a impressão de que o Ilan e eu estamos sendo abduzidos ou tentando encontrar algum tipo de luz divina que ilumine a nossa vida espiritual. Mas na realidade estamos apenas fazendo pose para a nossa guia da Bodega Diamandes, uma das três vinícolas que decidimos visitar. E, em cada uma delas, fomos recebidos com tanto esmero que, em vez de desligar do mundo, acabamos mergulhamos no mundo dos vinhos.

Com vista para os Andes

Na sala de degustação, o vidro da janela emoldurada pelo concreto das paredes forma um quadro da vista, espetacular. O efeito pintura só se desfaz quanto o verde se movimenta com o vento que vem dos Andes. Para quem vive em São Paulo, meu caso, o contato com a natureza é tão limitado que ver ao fundo da paisagem um pedaço da cordilheira, com o topo coberto de neve, já vale a viagem de carro da cidade de Mendoza ao Vale do Uco. São cerca de 2 horas. A arquitetura é impressionante, bem moderna, poderia ser cenário para filme de James Bond. Mas, em vez de Dry Martini, um vinho rosé para iniciar os trabalhos.

Os proprietários da vinícola são também donos da francesa Château Malartic-Lagraviere, em Bordeaux. Por isso, o rosé leva o nome de L’Argentin de Malartic. Sei que muita gente não é fã dos rosados. Eu gosto bastante. Tem sabor de despretensão. E é vinho bom para tomar sem se preocupar com harmonização. Rosé é vinho de fim de tarde ensolarado, para tomar beliscando umas azeitonas temperadas, um pedaço de queijo ou qualquer petisco que não dê trabalho.

Os brancos que tomamos foram dois, um chardonnay e o outro viognier. Ambos muito bons, mas o grande vinho dessa vinícola, para mim, é o Diamandes de Uco Gran Reserva, um vinho tinto que tem na composição 70% de malbec e 30% de cabernet sauvignon. Aqui no Brasil ele chega a R$ 165 (mas no site da importadora Gran Cru está por 116).

A nossa visita foi apenas para fazer uma degustação. Mas a vinícola oferece vários programas. São sete viticultores franceses, impulsionados pelo enólogo Michel Rolland, visionário do projeto. Além dos vinhos próprios, em comum, eles produzem o vinho Clos de los Siete.

Logo mais eu volto com outro post sobre a viagem.