Cataratas do Iguaçu
Por Rita Lobo - 19 de janeiro de 2010
Um pesadelo de criança se instalou na minha mente assim que decidi levar meus filhos a Foz para ver as cataratas. Reservei o hotel, comprei as passagens e imediatamente comecei a me imaginar sendo tragada pelas águas do Iguaçu.
Será que eu tenho algum problema? Na semana que antecedeu a viagem, toda noite, era só eu fechar os olhos que a imagem vinha; às vezes era substituída por a de um bote caindo cachoeira abaixo. Mas assim que entrei no Parque Nacional do Iguaçu a angustia passou. Fiquei impressionada, muito bem impressionada, e não só com a beleza natural do local.
É lotado, mas tudo funciona. O transporte é ótimo. Os banheiros são limpos. Pode parecer um comentário fora de lugar, os banheiros são limpos, mas trata-se de um critério científico: quanto mais sujos os banheiros públicos, e maior o número de cachorros na rua, mais pobre é o lugar. Logo, o Parque é um parque de primeiro mundo. Milhares de quatis, mas nenhum único cachorro de rua. E os banheiros, limpíssimos.
Fiquei mais confiante para fazer o Macuco Safári, passeio num barco inflável que sobe o rio atravessando o canyon, enfrentando corredeiras, até a base das Cataratas, la garganta del diablo, e com direito a um “banho de cachoeira”. O piloto enfia o barco num dos saltos! Beleza, vamos lá. Tá nas cataratas, é pra se molhar.
Para a minha total surpresa, minha filha de 5 anos dava gritinhos de alegria a cada vez que o barco enfrentava uma cachoeira. Já meu filhote, tão destemido, acho que pegou o meu pesadelo. Ficou apavorado com o passeio.
Fim do safári, todos sãos, salvos e ensopados. Mais um motivo, além do calor, para aproveitar o resto da tarde na piscina do hotel. Antes, porém, o almoço.
Voltamos no meio da tarde e tínhamos que escolher entre as opções do cardápio de sanduíches e aperitivos. O almoço já tinha terminado. No dia anterior, o mesmo havia acontecido, e hambúrguer parecia a melhor opção, ou a única. Mas antes de falar mal da comida, permita-se contextualizar.
O Hotel das Cataratas é lindíssimo, tem vista para as cataratas, uma a piscina muito simpática e jardins bonitos. Fica no meio do parque. Ou seja, no meio do nada. Quem está hospedado nele, ou come por lá, ou não come. E a comida, apesar de internacional, é um pouco limitada.
Nada espaguete na manteiga, bifinho, sei lá, essas coisas que crianças comem. No meio da tarde, não rola um queijo quente ou um misto. Além do hambúrguer, há “queijo de coalho grelhado com geleia de amora”. Acho que não. E também porção de pastel com quatro unidades, um de cada sabor. “Mas não dá para fazer todos de queijo?” Não, não dava. Depois de muitas idas e vindas do garçom à cozinha, e uma ida minha até um gerente do hotel, a porção pôde ser toda de queijo.
Acho um pouco estranho um hotel de luxo se dar ao luxo de ter um cardápio tão rígido. Ainda mais dentro de um parque e longe da civilização. Mas certamente esta não será a lembrança que teremos da viagem. Ainda quero contar sobre o Parque das Aves e o arvorismo, que insisto ser arborismo. Meus filhos adoraram os dois passeios. E, quem sabe, em vez de, como eu, terem pesadelos com as cataratas quando levarem os filhos deles para Foz, sonhem com tucanos, araras ou caminhadas sobre as árvores.