Castraure?

Castraure?
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Por Rita Lobo - 03 de agosto de 2007


Minha amiga W. resolveu vir para São Paulo comemorar seu aniversário. E nós fomos jantar no Fasano. A combinação não poderia ser melhor: o Fasano é o Fasano; e W. é uma dessas mulheres que sabem das coisas. Ela é divertida, inteligente, tem sempre uma boa história para contar e vive com rodinha nos pés (ela acabou de chegar de um tour enogastronômico na Provence, mas isso é história para outro post). E como se não bastasse, ainda é chique. De fazer inveja à Gloria Kalil.

Antes de continuar, preciso dizer que tenho um apego sentimental ao Fasano. Meu casamento foi lá, quando o estabelecimento ainda era na Haddock Lobo. Mas não é só por isso que gosto do restaurante. Aliás, é o contrário: me casei lá porque adoro o Fasano. O serviço, o ambiente, tudo é luxuoso. Mas a comida é o centro das atenções. Mesmo. E não há dúvida que isso se deva a um trabalho de equipe. Mas o chef Salvatore Loi é um mestre. Ele é a competência em pessoa. Vá na segunda ou na sexta, com um boa companhia ou num jantar mala, apaixonada ou de TPM, a comida é sempre igual: maravilhosa. E constância é palavra-chave para avaliar a qualidade de uma cozinha.

Desta vez, porém, o chef se superou. Ou melhor, superou as minhas expectativas. Sim, a companhia era ótima, e não há dúvida que isso influencie o resultado de um jantar. Mas o Risotto di castraure estava imbatível. Uma combinação generosa da natureza com a técnica do chef Loi.

Castraure é aquela minialcachofra veneziana. O sabor é intenso, como se fosse uma alcachofra concentrada. Confesso que não sei se algum outro restaurante em São Paulo serve a iguaria. E, como tudo que é bom dura pouco, logo mais a temporada das alcachofrinhas acaba. Mas a técnica do chef só melhora. E dá gosto ver a capacidade de Salvatore Loi transformar qualquer ingrediente num prato cheio de glamour. Uma tira de peixe, um caldinho caseiro, duas ou três fatias de pão e está pronto um Pesce del giorno in acqua pazza. Pelas mãos dele, a boa e velha polenta se transforma na melhor sobremesa que você terá comido na vida: é o Dolci di polenta e pera con salsa di vino rosso. E isso não é mágica, é técnica.

Eu sei, o Fasano é caro. E a temporada das alcachofrinhas está acabando.