Atacama

Atacama
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Por Rita Lobo - 16 de agosto de 2007


Patrícia Li era minha sócia no nosso extinto restaurante Oriental. Foram três anos trabalhando lado a lado, não sei quantas horas por dia. (O restaurante ficava num flat e o funcionamento era do café da manhã até o jantar. Se, por um lado, isso significava uma boa receita, por outro, trabalhávamos muitas horas.) O Panelinha nasceu, a Patrícia começou a fazer catering e o restaurante acabou. Mas a amizade não. Nós ficamos ainda mais próximas. Se eu acreditasse em reencarnação, diria que fomos parentes em outras vidas. Irmãs, mãe e filha, filha e mãe. Mas desde que um astrólogo doidão me disse que eu tinha sido um camelo (e não uma rainha da França ou da Hungria), passei a desacreditar. E essa história eu já contei em outro post. O fato é que a Patrícia e eu somos unha e carne, mesmo não nos vendo diariamente. Mas não é por isso que considero o bufê dela dos melhores da cidade. Explico: a comida é deliciosa, a apresentação é um capricho só, o serviço impecável e o jantar fica com a cara do dono da festa. Ela não está nem aí se as pessoas vão ficar sabendo ou não quem fez o bufê. Ela não distribui cartãozinho para os convidados, é a discrição em forma de pessoa. Mas acho que ela não vai se incomodar por eu publicar aqui este e-mail que ela acaba de me mandar sobre a viagem que fez, semana passada, para o Atacama. As fotos confirmam o que ela diz: parece outro mundo!

Rita,

Passar alguns dias no deserto faz a gente ver a vida de uma maneira diferente. Em alguns momentos, eu me obrigava a lembrar que estava na América do Sul, no Chile, pois a paisagem leva você a pensar que está num lugar muito distante (até fora da Terra!). Mas não é sobre o deserto que quero contar. Fiquei num hotel incrível, não é o Explora que todo mundo conhece, mas um daqueles lugares especiais, chamado AWASI (casa de lagartixa), na cidade de San Pedro de Atacama.

Neste hotel que acomoda somente 16 pessoas tudo é incrível. A comida é um capítulo à parte. Eles oferecem sempre dois vinhos: um para entrada, quase sempre branco, e um tinto com o prato principal. Eles variam os Valles, como Casablanca, Rapel, Leyda, Limarí, Maipú, tudo para que se possa conhecer mais sobre os vinhos do Chile, o que é muito legal. E é claro, os vinhos sempre combinam com o prato.

Comi bastante abacate em sanduíches e em pratos frios; milho em purês, sopas e souflés, e peixes e frutos do mar (salmão, marisco, etc.).

ADOREI a sopa "En temperaturas" (hot e cold) com milho (mais quente) e abacate (mais fria), nos tons verde e amarelo e separadas por uma camada de amêndoas crocantes.

Na “cebiche” (ceviche) de tilápia com polvo, a cebola roxa foi cortada bem fininha e estava bastante suave.

Nos pratos principais, o fettuccini com "Rica Rica" (uma erva do deserto, que também faz um chá delicioso) e umas chuletas de cordeiro da Patagônia com uma salsa de vinho Carmenére. O Cliff amou (eu não como cordeiro...).

Uma sobremesa diferente foi o parfait de "lúcuma" (um fruto aromático chileno e de polpa pastosa) com chocolate branco e licor de laranja.

O serviço foi sempre perfeito e muito atencioso, tudo muito delicado e aromático.

E, para finalizar, no último dia, fiz uma massagem (andamos e escalamos algumas dunas, eu estava quebrada) que foi inesquecível. A massagista Karem tirou, como ela disse, “uma grande mochila” de minhas costas. Você iria adorar!