A gastronomia na arte
Por Rita Lobo - 19 de setembro de 2007
Estou com água na boca. Suspeito que meus olhos estejam brilhando. Até a respiração ficou um pouco mais ligeira. Tenho em mãos um catálogo. Mas não é um catálogo qualquer. É um presente da minha amiga W., que acaba de chegar de Paris. Foi à exposição La Gastronomie dans l’art, pensou em mim e trouxe o recuerdo.
“Da pintura flamenga à Andy Warhol”, a exposição reúne obras de artistas como Pablo Picasso, Jeff Koons, Henri Matisse. O único artista brasileiro, como não poderia deixar de ser, por sua Marylin de chocolate e seu monstro de caviar, é Vik Muniz. Mas a beleza do catálogo, ou melhor, da exposição, não é apenas a escolha das obras. A curadoria pode até ser considerada óbvia, mas realizada ficou surpreendente. O que liga uma obra à outra não é a cronologia ou a escola ou a origem do artista. É a etapa do preparo do prato e a ordem de serviço da refeição.
A exposição é dividida em seis fases. Ela se inicia em O Mercado, onde começa o preparo de uma refeição, depois vai para A Cozinha, de onde sai A Entrada, que é seguida por O Prato principal e, como mandam os costumes franceses, surgem As Frutas e os Queijos e, para finalizar, A Sobremesa.
Ou seja, uma tela de Lucas Von Valckenborch e George Flegel, que retrata o mercado de rua na Frankfurt de 1594, tem tudo a ver com o carrinho de supermercado dourado que, nas mãos da artista suíça Sylvie Fleury, virou escultura. E o homem que carrega as compras sem carrinho no supermercado virou objeto da fotógrafa Véronique Ellena, que também apresenta sua obra na primeira parte da exposição.
Quando o tema é A Cozinha, a geladeira da década de 1950 pintada por Jean Cocteau está ao lado da tela do século 17, de Erasmus Quellinus II e Adrian Van Utrecht, que retrata a cozinha escura de Marta, que prepara o almoço e ouve a conversa de Jesus e Maria. Desde aquele tempo tinha papo de cozinha! Em A Entrada, tem um arenque de Guido Mocafico, ostras de Bianca Sforni, mais ostras de Osias Beert, o caviar de Vik Muniz, um drink de Peter Stampfli, mais ostras de Henri-Charles Manguin e duas fotos de Natacha Lesueur.
Em O Prato principal, aparecem Keith Haring e Matisse. A banana da foto acima é uma escultura em bronze exposta entre As Frutas e os Queijos. E para A Sobremesa, Nutella espalhada na mulher nua, um filme de uma torta explodindo, um bolo de crochê, uma foto intitulada “Casamento”, com noivos e um bolo de quatro andares, tudo vermelho, e a Marylin de chocolate, de Vik Muniz. É de dar água na boca, mas a exposição acaba amanhã.
“Da pintura flamenga à Andy Warhol”, a exposição reúne obras de artistas como Pablo Picasso, Jeff Koons, Henri Matisse. O único artista brasileiro, como não poderia deixar de ser, por sua Marylin de chocolate e seu monstro de caviar, é Vik Muniz. Mas a beleza do catálogo, ou melhor, da exposição, não é apenas a escolha das obras. A curadoria pode até ser considerada óbvia, mas realizada ficou surpreendente. O que liga uma obra à outra não é a cronologia ou a escola ou a origem do artista. É a etapa do preparo do prato e a ordem de serviço da refeição.
A exposição é dividida em seis fases. Ela se inicia em O Mercado, onde começa o preparo de uma refeição, depois vai para A Cozinha, de onde sai A Entrada, que é seguida por O Prato principal e, como mandam os costumes franceses, surgem As Frutas e os Queijos e, para finalizar, A Sobremesa.
Ou seja, uma tela de Lucas Von Valckenborch e George Flegel, que retrata o mercado de rua na Frankfurt de 1594, tem tudo a ver com o carrinho de supermercado dourado que, nas mãos da artista suíça Sylvie Fleury, virou escultura. E o homem que carrega as compras sem carrinho no supermercado virou objeto da fotógrafa Véronique Ellena, que também apresenta sua obra na primeira parte da exposição.
Quando o tema é A Cozinha, a geladeira da década de 1950 pintada por Jean Cocteau está ao lado da tela do século 17, de Erasmus Quellinus II e Adrian Van Utrecht, que retrata a cozinha escura de Marta, que prepara o almoço e ouve a conversa de Jesus e Maria. Desde aquele tempo tinha papo de cozinha! Em A Entrada, tem um arenque de Guido Mocafico, ostras de Bianca Sforni, mais ostras de Osias Beert, o caviar de Vik Muniz, um drink de Peter Stampfli, mais ostras de Henri-Charles Manguin e duas fotos de Natacha Lesueur.
Em O Prato principal, aparecem Keith Haring e Matisse. A banana da foto acima é uma escultura em bronze exposta entre As Frutas e os Queijos. E para A Sobremesa, Nutella espalhada na mulher nua, um filme de uma torta explodindo, um bolo de crochê, uma foto intitulada “Casamento”, com noivos e um bolo de quatro andares, tudo vermelho, e a Marylin de chocolate, de Vik Muniz. É de dar água na boca, mas a exposição acaba amanhã.