A arte do pão
Por Rita Lobo - 23 de outubro de 2013
Pelo nome deste post, você pode ter imaginado que o assunto é a “arte de fazer pão”. Mas não é, não. É sobre a direção de arte. Você já folheou livros de pão? Como o primeiro título do selo Panelinha é sobre o assunto, nos últimos meses mergulhei fundo nesse universo. O Luiz Américo Camargo, autor de Pão Nosso — que será lançado no fim de novembro —, trouxe algumas referências, a minha equipe buscou outras e eu acabei vendo de tudo um pouco. Em comum, além de receitas de pão, todos os livros tinham nas fotos produções com elementos rústicos, cestaria, madeira envelhecida, tecidos naturais e com trama aparente, principalmente linho cru. Coisas lindas, mas, no conjunto, um pouco padronizadas.
Fazer um livro é um processo longo. São muitas as etapas, meses de trabalho de várias pessoas, além dos anos que o autor leva para dominar o assunto, a ponto de poder escrever sobre o tema, sob o seu ponto de vista — no caso do Luiz, há mais de uma década ele se dedica a panificar em casa. Mas, de certa maneira, o que dá a cara do livro é uma soma do projeto gráfico com direção de arte das fotos.
Antes de começar a editar esse livro, eu tinha pouco conhecimento sobre o processo de criar fermentos e produzir pães artesanais a partir do levain. Mas sabia que tudo começa com farinha de trigo e, no caso dos pães do Luiz, suco de abacaxi. Sim, é dessa mistura que vai nascer o fermento natural, que depois transforma mais farinha e um pouco de água no melhor pão que se pode assar em casa.
O fermento é a base de tudo. E o abacaxi é a base do fermento. Um ícone tropical superelegante e, ao mesmo tempo, uma fruta superacessível para nós. A forma é linda e as cores são tão brasileiras... Por que não usá-lo como ponto de partida para a arte do livro?
As primeiras imagens
Antes mesmo de todos os textos estarem finalizados, decidimos experimentar a linguagem das fotos — às vezes a teoria é boa mas a prática mostra outra coisa. Será que um livro de pães com um clima tropical funcionaria? Sem dúvida seria uma maneira de comunicar que apesar de ter na origem técnicas francesas, as receitas do Luiz Américo são feitas com farinha brasileira, com equipamentos e utensílios disponíveis no mercado nacional — e isso faz a maior diferença. É mais um indício de que dá para fazer em casa todas as receitas.
Fazer pão é um processo muito artesanal: não é à toa que a direção de arte de quase todos os livros que vimos seguia a linha do rústico. Mas estávamos em busca de uma linguagem mais ensolarada, mais brasileira. Lá fomos nós para a casa do Luiz Américo, num dia em que ele tinha assado meia dúzia de seus deliciosos pães. Usamos um pouco do nosso acervo e produzimos um punhado de fotos.
Com esse primeiro teste em mãos, analisamos as imagens e achamos que as fotos tinham uma personalidade autêntica, que refletiam e também complementavam o texto. Eu fiquei bem satisfeita. Mas, talvez, as fotos precisassem do suporte de um projeto gráfico mais clássico, que acolhessem um aspecto importante da personalidade do autor. Será que daria certo?
Isso já é papo para outro post. Aos pouquinhos vou contando todas as etapas e, no fim de novembro, vamos comemorar juntos o lançamento do primeiro livro publicado pelo selo Panelinha, uma parceria com a Companhia das Letras.
Fazer um livro é um processo longo. São muitas as etapas, meses de trabalho de várias pessoas, além dos anos que o autor leva para dominar o assunto, a ponto de poder escrever sobre o tema, sob o seu ponto de vista — no caso do Luiz, há mais de uma década ele se dedica a panificar em casa. Mas, de certa maneira, o que dá a cara do livro é uma soma do projeto gráfico com direção de arte das fotos.
Antes de começar a editar esse livro, eu tinha pouco conhecimento sobre o processo de criar fermentos e produzir pães artesanais a partir do levain. Mas sabia que tudo começa com farinha de trigo e, no caso dos pães do Luiz, suco de abacaxi. Sim, é dessa mistura que vai nascer o fermento natural, que depois transforma mais farinha e um pouco de água no melhor pão que se pode assar em casa.
O fermento é a base de tudo. E o abacaxi é a base do fermento. Um ícone tropical superelegante e, ao mesmo tempo, uma fruta superacessível para nós. A forma é linda e as cores são tão brasileiras... Por que não usá-lo como ponto de partida para a arte do livro?
As primeiras imagens
Antes mesmo de todos os textos estarem finalizados, decidimos experimentar a linguagem das fotos — às vezes a teoria é boa mas a prática mostra outra coisa. Será que um livro de pães com um clima tropical funcionaria? Sem dúvida seria uma maneira de comunicar que apesar de ter na origem técnicas francesas, as receitas do Luiz Américo são feitas com farinha brasileira, com equipamentos e utensílios disponíveis no mercado nacional — e isso faz a maior diferença. É mais um indício de que dá para fazer em casa todas as receitas.
Fazer pão é um processo muito artesanal: não é à toa que a direção de arte de quase todos os livros que vimos seguia a linha do rústico. Mas estávamos em busca de uma linguagem mais ensolarada, mais brasileira. Lá fomos nós para a casa do Luiz Américo, num dia em que ele tinha assado meia dúzia de seus deliciosos pães. Usamos um pouco do nosso acervo e produzimos um punhado de fotos.
Com esse primeiro teste em mãos, analisamos as imagens e achamos que as fotos tinham uma personalidade autêntica, que refletiam e também complementavam o texto. Eu fiquei bem satisfeita. Mas, talvez, as fotos precisassem do suporte de um projeto gráfico mais clássico, que acolhessem um aspecto importante da personalidade do autor. Será que daria certo?
Isso já é papo para outro post. Aos pouquinhos vou contando todas as etapas e, no fim de novembro, vamos comemorar juntos o lançamento do primeiro livro publicado pelo selo Panelinha, uma parceria com a Companhia das Letras.