Vapor mágico
Por Rita Lobo - 26 de junho de 2011
A receita de hoje não é de comer. Nem de beber. Mas ela tem sua utilidade. Antes, porém, quero explicar uma coisa sobre a minha personalidade. Quando eu compro uma bolsa nova, saio da loja com ela e uso até gastar. Um ano. As vezes mais. Aí, compro outra, aposento aquela e só volto a usar quando nem me lembro mais da existência dela. Imagino que, para uns, isso quer dizer que eu sou mão de vaca. Para outros, os fashionistas, que sou desencanada. Para mim, revela um traço obsessivo: quando encano com uma coisa, não consigo pensar em outra. Inclusive quando o assunto é comida. Tenho as minhas fases.
Outro dia, lembrei de um desses hábitos de avó, não das minhas, mas um costume antigo de deixar uma panelinha com especiarias, frutas e açúcar no fogo, apenas para perfumar a cozinha. Lá fui eu para a boca do fogão. Adoro casa perfumada. Uma panela pequena, um tanto de açúcar. Quanto? Umas quatro colheres. Em fogo médio, rapidinho virou caramelo. Longe da chama, coloquei uns paus de canela, uns cravos-da-índia, uma maçã cortada em quatro e completei com água. A cozinha já estava cheirosa, antes mesmo da poção mágica voltar ao fogão.
Quem acompanha o Panelinha há tempos sabe que na minha casa a cozinha é na sala. Não há paredes nem divisões. Até o piso é o mesmo, de madeira, para unificar o espaço. Tão logo a água perfumada começou a ferver, a sala se transformou. É marcante como o aroma natural de frutas e especiarias pode trazer imediatamente uma sensação de bem-estar, de aconchego, até de alegria. Pronto, fiquei viciada.
Usei a mesma panelinha por uns dias, até gastar. À medida que a água ia secando, eu regava com mais um pouco (que fique claro, a panela não fica no fogo o tempo todo!). Uma hora, o perfume acabou. Mas a minha obsessão por casa perfumada, não. Fiz novas combinações. Em lugar da maçã, usei laranja. Fiz com a casca que iria para o lixo, depois de fazer suco. Também já usei um limão. Ontem, caramelei o açúcar, polvilhei com um pouco de canela em pó, cortei uma laranja em fatias e juntei um resto de um chá a granel que tinha acabado de tomar.
Assim que a água ferve, dou uns minutinhos para a sala ficar perfumada e, depois, saio passeando pela casa para levar o aroma até os quartos. Os vizinhos estão achando que eu virei macumbeira. Olhando através da janela deve ser meio estranho, mesmo, ver uma mulher de penhoar preto andado pela casa com uma panela fumegante. E eu também me sinto meio bruxa. Meio bruxa, meio cozinheira, alimentando a minha casa com esse vaporzinho mágico.
Outro dia, lembrei de um desses hábitos de avó, não das minhas, mas um costume antigo de deixar uma panelinha com especiarias, frutas e açúcar no fogo, apenas para perfumar a cozinha. Lá fui eu para a boca do fogão. Adoro casa perfumada. Uma panela pequena, um tanto de açúcar. Quanto? Umas quatro colheres. Em fogo médio, rapidinho virou caramelo. Longe da chama, coloquei uns paus de canela, uns cravos-da-índia, uma maçã cortada em quatro e completei com água. A cozinha já estava cheirosa, antes mesmo da poção mágica voltar ao fogão.
Quem acompanha o Panelinha há tempos sabe que na minha casa a cozinha é na sala. Não há paredes nem divisões. Até o piso é o mesmo, de madeira, para unificar o espaço. Tão logo a água perfumada começou a ferver, a sala se transformou. É marcante como o aroma natural de frutas e especiarias pode trazer imediatamente uma sensação de bem-estar, de aconchego, até de alegria. Pronto, fiquei viciada.
Usei a mesma panelinha por uns dias, até gastar. À medida que a água ia secando, eu regava com mais um pouco (que fique claro, a panela não fica no fogo o tempo todo!). Uma hora, o perfume acabou. Mas a minha obsessão por casa perfumada, não. Fiz novas combinações. Em lugar da maçã, usei laranja. Fiz com a casca que iria para o lixo, depois de fazer suco. Também já usei um limão. Ontem, caramelei o açúcar, polvilhei com um pouco de canela em pó, cortei uma laranja em fatias e juntei um resto de um chá a granel que tinha acabado de tomar.
Assim que a água ferve, dou uns minutinhos para a sala ficar perfumada e, depois, saio passeando pela casa para levar o aroma até os quartos. Os vizinhos estão achando que eu virei macumbeira. Olhando através da janela deve ser meio estranho, mesmo, ver uma mulher de penhoar preto andado pela casa com uma panela fumegante. E eu também me sinto meio bruxa. Meio bruxa, meio cozinheira, alimentando a minha casa com esse vaporzinho mágico.