Drinque: Dry Martini
Por Pitadas - 07 de março de 2013
Em plena Guerra Fria, lá pelos idos dos anos 1950, Nikita Khrushev, primeiro secretário do Partido Comunista da União Soviética, achava graça em dizer que a arma mais letal de que os americanos dispunham era o dry martini. Para se ter uma ideia do poder de fogo atribuído a esse drinque, pense que o apelido carinhoso que ele tem é "silver bullet" ("bala de prata"), projétil que, diz a lenda, serve para matar lobisomens.
Assombrações à parte, Luis Buñuel, Dorothy Parker e Winston Churchill foram apenas alguns dos fãs ilustres que se renderam aos encantos do dry martini. Tem também um tal de James Bond. Este, depois de anos pedindo seu drinque "batido", resolveu, num dos filmes mais recentes, mudar de estratégia: "Você acha que eu sou do tipo que liga?", ele responde ao barman, quando este pergunta como ele prefere a bebida. E até que ele está certo em dar essa resposta atravessada.
Ninguém deveria jamais oferecer a opção "batido ou mexido". Afinal, pelas leis que regem a coquetelaria, dry martinis não devem ser batidos. Mas tem um bom motivo: o gelo se espatifa na coqueteleira e o copo fica cheio de fragmentos que, com o tempo, fazem o drinque ficar aguado. E nada pior do que um dry martini aguado.
Mas eu sei... você não veio aqui pra conversar. Então, lá vai, a receita para o dry martini perfeito, o drinque dos drinques...
Dry Martini
Ingredientes
3 doses de gim
1/2 dose de vermute seco (de preferência Noilly Prat)
Modo de preparo
1. Num copo misturador cheio de gelo, despeje o gim e o vermute. Mexa em círculos com uma colher bailarina, tomando cuidado para não partir demais o gelo. Mexa até a mistura estar bem gelada. Com a ajuda de uma peneira de coquetelaria, despeje numa taça.
2. Perfume a borda da taça com casca de limão siciliano e decore com azeitona.
Curiosidades
- Tem quem goste de duas azeitonas em vez de uma. Tá liberado. Também pode usar cebolinha em conserva no lugar da azeitona, só que o nome do drinque muda para Gibson. Agora... nem pense em trocar o gim por vodca ou o Noilly Prat por Martini —só o vermute francês é realmente seco.
- Alguns livros de coquetelaria sugerem guardar a azeitona num vidro com gim, para que ela já esteja macerada na hora de usar. Experimentei duas vezes e não recomendo. A princípio, a ideia parece ótima, mas, por algum motivo, guardada no gim, a azeitona endurece e perde o gosto.
- A taça cônica costumava ser o padrão para coquetéis. Ultimamente, no entanto, a taça cupê (ou coupée) está ensaiando um retorno. Sabe aquela taça de champanhe antiga, com a boca larga? Pois bem, dizem que foi moldada num dos seios de Maria Antonieta. Precisa de motivo melhor pra experimentar?
Foto: Charles Naseh
Antonio Farinaci é roteirista, jornalista, escritor e também um pitéu. Ele é o colunista de drinques do Panelinha e, às quintas, assina um post aqui no Pitadas.