Comida de bebê: no lugar da papinha, pê-efinho
Por Alimentação Saudável - 30 de outubro de 2017
Comida de bebê é papinha, certo? Mais ou menos. A ideia de um monte de alimentos misturados numa tigelinha não é mais considerada a estratégia mais adequada para a introdução alimentar do bebê.
Primeiro, porque a papinha impede a apresentação isolada dos alimentos — neste período em que o paladar está sendo formado, o ideal é que a criança possa sentir o sabor dos alimentos, um por um. O outro ponto é de caráter prático: não faz sentido preparar dois cardápios diariamente, um para o bebê e outro para os adultos.
A solução está numa instituição da cozinha brasileira: o pê-efe. Ou melhor, um pê-efinho! Exatamente como o prato feito que os adultos vão comer, a versão mini vai ser composta de arroz, feijão, uma carne e pelo menos um legume ou verdura, só que tudo amassado — ou picadinho. Ou seja, o que continua valendo da época das papinhas é a textura.
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Outro ponto positivo dessa fórmula é que nela estão incluídos quatro dos cinco grupos de alimentos necessários para compor a refeição do bebê. Um cereal (ou tubérculo), um feijão (ou outra leguminosa), uma carne (ou ovo) e pelo menos um legume ou verdura. A fruta vai ser a sobremesa — e também os lanchinhos.
A ideia do pê-efe funciona tanto para o bebê como para a rotina da casa, porque resolve o problema do cardápio semanal. Não precisa ficar quebrando a cabeça todo santo dia. Com arroz e feijão, metade do prato está resolvido; a variação fica por conta dos legumes e das verduras, e das carnes. Quem quiser pode até alternar os feijões e os cereais, como você vai ver a seguir. Para quem ainda não tem o ritmo da cozinha do dia a dia, talvez seja vantajoso cozinhar o feijão uma vez por semana (aproveite, que dá!), dividir em porções e congelar. Até no planejamento o nosso padrão alimentar é espertíssimo!
Como cozinhar, congelar e descongelar feijão
Em termos nutricionais, essa composição não poderia ser melhor. Ela foi sendo testada e ajustada pela população no decorrer de centenas de anos, até chegar ao que hoje chamamos de padrão alimentar tradicional brasileiro. Como é toda baseada nos alimentos locais, ela garante o uso dos ingredientes mais frescos e mais acessíveis. E quanto mais variado for o prato, aproveitando ao máximo os produtos da feira, melhor. Cada alimento tem uma composição nutricional única, por isso, ao ampliar o leque de ingredientes usados na semana você oferece mais nutrientes para o bebê — e para a família.
É por isso tudo que a introdução alimentar é também uma oportunidade de ouro para estabelecer no dia a dia da casa uma alimentação saudável, baseada em comida de verdade. Antes de entrar na cozinha, porém, é preciso aprender a diferenciar comida de verdade de imitação de comida — que é como costumo chamar os alimentos ultraprocessados. Esse entendimento vai proporcionar melhores escolhas.
Projeto Comida de Bebê
O projeto Comida de Bebê é fruto da parceria entre o Panelinha e os médicos e nutricionistas do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Todo o conteúdo produzido tem embasamento científico atualizado, reunido a partir do conhecimento e das pesquisas deste grupo de cientistas e pesquisadores cientistas preocupado em encontrar as melhores e mais sólidas orientações envolvendo a alimentação saudável de verdade.